segunda-feira, 6 de abril de 2015

3 dias em 30 minutos

 "muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano (...) Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto (...) A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores (...) o Senhor fez recair nele o pecado de todos nós.”

Era quinta-feira. Ao terminar a ceia Jesus saiu com os seus amigos para orar no Monte das Oliveiras, além do vale de Cedrom, onde havia um horto. Seus discípulos, entre eles Judas, conheciam aquele lugar, porque eles haviam se reunido ali diversas vezes.

sábado, 21 de março de 2015

Clássico dos Milhões

Faço um desafio ao leitor rubro-negro pergunte a um torcedor vascaíno, tricolor ou botafoguense (nesse caso o maior desafio é encontrar um) qual é o maior rival do seu time. Aposto que em 100% dos casos vocês ouvirão a resposta FLAMENGO.

É sabido por todos os cariocas que gostam de futebol que os torcedores dos outros três times da cidade sonham em rivalizar com o Flamengo, nesse caso a pergunta correta deveria ser: "Quem é o maior rival do Flamengo?"

Comparar nossos títulos, ídolos e torcida com os dos coirmãos que frequentam a segunda ou terceira divisão do campeonato nacional chega a ser uma covardia, assim sendo, podemos dizer com certa segurança que não temos rival regional à altura da grandeza do Flamengo. No entanto, sempre há aquele clube que gostamos mais de vencer, e acho que a grande maioria dos 40 milhões de Rubro-Negros espalhados pelo mundo vão concordar que é muito bom, e engraçado, ganhar do Vasco.

É divertido ver como o humor dos vascaínos vão da esperança ao desespero em apenas 90 minutos. Os caras fariam qualquer coisa para ver o time deles ganhar um título que fosse em cima do Mengo. Também não é para menos, nos últimos 27 anos Flamengo e Vasco disputaram 7(!) finais e todas foram vencidas pelo Rubro-Negro. Imagino a dor e vergonha do pai que aos treze anos viu seu Vasco ganhar o campeonato carioca de 88 sobre o maior rival e hoje, já um homem de meia idade, não consegue ver um título sobre o Flamengo ao lado do próprio filho.

Eu, por outro lado, jamais vi meu time perder uma final para o cruz-maltino, e dentre as vastas vitórias que pude acompanhar as que mais ficaram marcadas na minha memória foram:

- segundo jogo da final da copa do Brasil de 2006: o Flamengo tinha ganhado o primeiro jogo com gols de Obina e Luizão, mas não deu mole pra Kojak e também ganhou o segundo jogo com um gol do Juan. Como se esquecer do Valdir Papel sendo expulso nos primeiros minutos do clássico?

- segundo jogo da final do carioca de 2004: nessa final o Mengo também tinha aberto vantagem ao ganhar o primeiro jogo por 2 a 1, mas o segundo jogo foi mágico. 3 a 1 com show de Jean, autor dos três gols. “Arerêê o chope do Eurico eu vou bebeeer....”

- segundo jogo da final do carioca de 2001: só falo uma coisa: “Recordar é viver/ o Pet acabou com você...”

Bem, é provável que no jogo de amanhã teremos 56.678 pagantes e para esquentar me despeço deixando esse vídeo.





SRN

domingo, 8 de março de 2015

Resenha - A Guerra dos Tronos

A resenha de hoje não é exatamente uma resenha. Segundo a Wikipedia As Crônicas de Gelo e Fogo já venderam 25 milhões de exemplares e Game of Thrones é assistido por 20 milhões de espectadores, então parto do principio de que todo mundo já está careca de conhecer o enredo da história criada por George Martin.
Bem, eu acabei de terminar o primeiro livro da saga após dois meses de leitura. Diferente do que normalmente faço resolvi partir para os livros depois de ter assistido todas as temporadas disponíveis da série e gostaria de falar sobre três trechos que me chamaram mais atenção nele.

"Nunca se esqueça de quem é"
No início do história, quando o anão/herói Tyrion está em Winterfell, ele tem a seguinte conversa com o bastardo Jon Snow:
"Nunca se esqueça de quem é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com essa lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo."
Nesse momento de "auto-ajuda" do livro podemos nos colocar no lugar do bastardo e tentar aplicar o conselho do autor em nossas vidas. Nenhum de nós é exatamente o que queria ser, todos idealizamos um modelo e buscamos alcançá-lo, ao mesmo tempo que nos envergonhamos de nossas fraquezas e tentamos escondê-las. Por mais que essa busca pelo "ideal" possa ser o combustível para nosso desenvolvimento pessoal, é importante que antes possamos entender e aceitar quem realmente somos. Não acho que alguém duvide que este seja o caminho para nos tornarmos mais sadios.

"pois o amor é o veneno da honra, a morte do dever"
Nas sábias palavras do Meistre Aemon para o bastardo Jon o ancião tenta explicar ao jovem Snow que não é possível seguir dois mestres. Ele deve escolher entre seus sentimentos ou o juramento de obediência que fez. Como diz o velho, o que é o dever comparado aos braços da amada, ou as necessidades de um filho? Apenas palavras...

"Se a vida não tinha valor, que valor tinha a morte?"
A pergunta de Daenerys no final do livro é a nossa grande questão. A vida que vivemos agora é essa. Mesmo se houver outra não será como esta. Acho que nem mesmo para aqueles que acreditam em reencarnação. Nossas experiencias são únicas e cada atitude nossa é percebida de uma maneira diferente dependendo da fase que vivemos. Beijar a mesma mulher nos dá sensações diferentes em diferentes épocas, da mesma forma que beber a mesma cerveja com os mesmos amigos há vinte anos não terá sempre o mesmo sabor. O sentido da vida deve estar em usar nossos sentidos para saboreá-la.

É isso. Feliz dia das mulheres para todas as leitoras.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Contos - Severino de Maria do finado Zacarias

O sol ainda não nasceu, mas seu despertador já está chamando. Ele não demora a se levantar, já está acostumado e sabe que não tem muito tempo. Coloca água para ferver, veste-se, escova os dentes, lava o rosto e passa o café. Apenas uma xícara, negro e amargo. Engole a bebida e sai.

A rua ainda está escura.

Há um ponto de ônibus próximo a sua casa, mas ele prefere caminhar até o ponto final, o esforço é compensado com um banco vazio. A viagem dura uma hora, mas ele sabe que ainda pegará outro ônibus. A perspectiva não o anima, então ele se recosta e fecha os olhos. Cochilando a viagem passa mais rápido.

Ele abre os olhos.

É hora de saltar, o outro ônibus já está saindo e desta vez a viagem será em pé. Ele corre e consegue pegá-lo. Está lotado! Não dá para passar na roleta, mas tudo bem, todos vão saltar no mesmo ponto. Um colega grita seu nome e eles conversam sobre o futebol e a novela.

Mais uma hora de viagem.

O ônibus para. Ainda faltam 10 minutos, dá tempo de comer um pão com mortadela na barraca em frente ao portão da obra. Ele pega o crachá na mochila e entra. Poeira e lama, brita, areia e cimento.

Hora do almoço.

Risos, provocações e brincadeiras. Ele engole a comida rápido para poder tirar um cochilo. Uma hora de intervalo não dá para muita coisa. A tarde ele carrega tijolo e argamassa, ouve gritos do encarregado e...

Fim do expediente.

Ao sair na portaria é revistado pelo segurança, mas ele está acostumado. No caminho de volta engarrafamento, pelo menos está sentado. Enquanto pensa na novela e na cama que o espera quando chegar em casa ele adormece.
Amanhã fará tudo novamente.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Resenha - O Anticristo

Sejam bem-vindos leitores(as). Vamos ver se nesse novo ano conseguiremos manter o blog mais atualizado. Tentarei assumir um compromisso de fazer uma espécie de resenha totalmente parcial dos livros que for lendo durante o ano. Parece que opinião alheia atrai interesse das pessoas.
O primeiro livro será “O Anticristo” de Nietzsche.

Vamos lá.

Ler “O Anticristo” me deu a mesma sensação de quando leio comentários preconceituosos contra nordestinos ou pobres. Daqueles em que patricinhas destilam nas redes sociais da vida enquanto que a “nordestina pobre” faz sua comida. Um sentimento que é um misto de revolta, incredulidade, vergonha alheia e pena.

Fiquei com uma impressão muito ruim do autor, no entanto, por ser meu primeiro livro de Nietzsche pretendo futuramente dar novas oportunidades para sua obra e analisarei aqui apenas este livro.

Em “O Anticristo” Nietzsche incorporou o coxinha padrão, que toma sua opinião como a verdade máxima e expressa seu ódio contra todos que não concordam com ele. Talvez ao escrevê-lo já tivesse perdido suas faculdades mentais, entregue em sua loucura devido a sífilis. Sendo assim, talvez eu não devesse dar mais crédito a esse livro que aos gritos desvairados de um lunático, destes que encontramos nas ruas do centro da cidade.

Neste livro encontramos verdadeiras pérolas como quando ele afirma que a desigualdade dos direitos é uma condição necessária para o surgimento de “tipos mais elevados e supremos”, esquecendo-se que não somos mais primatas nas savanas africanas regidos pela lei da sobrevivência do mais apto, mas que vivemos em uma sociedade, cujo maior objetivo deveria ser proteger todos os seus indivíduos. Ele sustenta sua teoria na ideia de que “uma sociedade elevada é como uma pirâmide”, necessita de uma base larga onde é indispensável uma “mediocridade consolidada”.
Em outro ponto ele afirma que a injustiça não está na desigualdade dos direitos, mas na reivindicação de direitos iguais(!). Parece esquecer-se que igualdade de direitos é imprescindível para a igualdade de oportunidades para todos.

Voltando-se para o principal alvo de seu livro Nietzsche é taxativo ao afirmar que “Todo trabalho do mundo antigo foi em vão”. Tomando como exemplo gregos e romanos tenta provar que o cristão foi o grande responsável pelo atraso na evolução do homem. Com um pensamento eurocêntrico ignora completamente as antigas culturas orientais e americanas que não foram influenciadas pelo cristianismo no primeiro século.

Por fim, ao ler afirmações como: “A quem odeio mais entre a ralé de hoje? A ralé dos socialistas, os apóstolos que minam o sentimento de satisfação que o trabalhador tem de sua pequena existência – que o tornam invejoso”, e “o cristão... Esse verme (...) esse bando covarde, efeminado e meloso.” compreendi que seria impossível para alguém transbordando de ódio infundado tolerar uma religião cujo um dos maiores mandamento é “Amai ao próximo como a ti mesmo”.