quinta-feira, 28 de julho de 2011

Na História

Vejam só amigos como o universo conspira a meu favor, há duas semanas venho matutando sobre o que tratar neste humilde espaço. Não posso negar que nesse meio tempo ocorreram pelo mundo alguns fatos interessantes nos mais variados campos, no entanto, nada que despertasse minha vontade de escrever. Isso até ontem! Quem diria que o dia 27 de julho entraria para a historia, e que eu teria a oportunidade de discorrer sobre tão extraordinário acontecimento?! É obvio que me refiro ao Choque de Monstros.

Não pretendo descrever como foi a partida, palavras só iriam diminuir o espetáculo. Independente do time que você torce, se o amigo não assistiu a esse jogo realmente lamento por você. Simplesmente irei expor uma ou duas impressões que tive da histórica peleja.

Flamengo e Santos, dois clubes que tiveram os maiores times de futebol da historia do esporte no Brasil, se enfrentaram ontem. De um lado Ronaldinho e Thiago Neves, do outro Neymar e Ganso, e em ambos os lados coadjuvantes que seriam protagonistas em todos os demais times do país. Por esse motivo, justificavelmente, já era esperado um grande jogo, mas o que aconteceu ontem superou qualquer expectativa, o que se viu não foi uma simples partida de futebol, foi uma obra de arte, uma ode ao futebol.

Meus amigos, devo admitir que esse time do Santos é uma verdadeira seleção, Arouca, Ibson, Ganso, Neymar e Borges, bastava vesti-los com a camisa canarinho e o Brasil teria ganhado a Copa America. O que joga o Neymar é coisa de outro mundo, o moleque é imparável (somente Williams realizou essa proeza algumas vezes), é covardia escalá-lo contra américas e atléticos da vida.

No entanto, apesar da inegável qualidade do escrete alvinegro há uma variável que, quando ignorada pelo adversário, sempre se mostra fatal: a magia do manto Rubro-Negro. Por si só o manto já é capaz de feitos inacreditáveis, quase divinos, mas quando aliada a jogadores de reconhecida capacidade técnica, parafraseando Nelson Rodrigues, se torna uma bastilha inexpugnável.

Em um campeonato recheado de times medianos e jogadores de segunda categoria o torcedor brasileiro acostumou-se a ver jogos burocráticos, e para muitos a atual seleção da CBF terminou de matar o futebol arte. No entanto, não temais camaradas, no urubu rubro-negro sempre poderemos confiar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Só os medíocres são felizes

Não gosto de contar minha vida na internet. Na verdade, execro a ideia de blog como um diário virtual. Tenho o bom senso de saber que minha vida interessa aos outros tanto quanto a dos outros me interessa: em nada. Além disso, deixar qualquer coisa registrada na traiçoeira internet, se não impede, certamente dificulta o livre exercício do meu sagrado direito de mentir o tempo todo.
Às vezes, porém, são inevitáveis certas confidências. É preciso explicar como descobri uma verdade universal a partir da comezinha vida cotidiana. E não dá para evitar a questão. Como aconteceu com a volta do Juninho na última postagem, tratar de qualquer outra coisa hoje – dia que cabe a mim no cronograma do blog – seria, no mínimo, falta de sinceridade.
Passo aos fatos: estou no último ano da faculdade de Direito, período em que os alunos se dão conta de que após a formatura - agora tão próxima - só poderão exercer a profissão que escolheram se forem aprovados na temível prova aplicada pela Ordem dos Advogados do Brasil. Caso contrário, serão donos do mais inútil diploma universitário dentre todos os cursos superiores.
O exame, atualmente, funciona da seguinte forma: na primeira fase, há uma prova de 80 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas em cada, das mais variadas matérias do Direito. Apenas aqueles que acertarem ao menos 40 questões, a metade, podem fazer a segunda fase. Esta outra tem cinco questões discursivas de uma única área a ser escolhida pelo aspirante à advogado. Aquele que obtém mais de 60% de aproveitamento na segunda prova estará inscrito nos quadros da Ordem, será tratado por Doutor, poderá usar a carteira de identidade vermelha e todo o arreamento dos causídicos de que há tanto tempo atrás já falava o Lima Barreto
É estranho exigir para a prática profissional a habilidade de fazer provas de múltipla escolha, não é coisa que tenha muito a ver com o trabalho do advogado e acaba por reduzir o espaço para a criatividade, dom tão caro para os ignorantes. De fato, a maior vítima da instituição do exame de Ordem é, muito provavelmente, o advogado bufão, símbolo máximo da profissão. Não é o charlatão e o mau-caráter, é apenas aquele pobre coitado que compensa sua absoluta falta de conhecimento jurídico pelo traquejo e a astúcia. Encurralado pelo palavrório do almofadinha do lado contrário, o advogado bufão manda às favas as fórmulas legais que nunca conseguiu aprender, apela a um sentimento maior de justiça e, no meio da sala de audiência, sinceramente, chora.
Essa espécie de advogado é uma figura que muito me fascina, apesar da minha confessada e absoluta falta de talento para alcançar, um dia, tal patamar. É esse o advogado que aproxima a Justiça da gente comum, de onde nunca deveria ter sido tirada. Mas é também uma espécie em extinção, que provavelmente não passará na esdrúxula avaliação, sempre a privilegiar os burocratas.
Mas não quero usar este espaço para falar de advogados, tampouco para reclamar contra a realização do exame. No fim das contas, deve mesmo haver alguma lógica na exigência de conhecimentos mínimos, ainda que de duvidosa utilidade, dos futuros advogados. Aquele a quem o cidadão confia a defesa de seu direito pode muito bem ser um desqualificado que, por obra de professores alucinados, tenha sido aprovado com louvor por diversas vezes durante a faculdade, sem nunca ter comparecido às aulas. Infelizmente, tal tipo de coisas ocorre com certa frequência. Para quem duvida, tenho diversas notas 10,0 em meu boletim capazes de provar o que digo.
O que me interessa tratar aqui é do meu desempenho na primeira fase do último Exame de Ordem, ocorrida há alguns dias atrás. Não saí da prova com o caderno de questões pois para isso era preciso esperar o final das cinco horas de exame, o que a minha malandragem me impediu de fazer. Quando consultei o gabarito da prova, descobri o óbvio: já não mais me lembrava do que havia respondido. Tive, contudo, a certeza de ter acertado 34 questões e errado outras 30. Restavam 16 delas, respondidas não com base no enunciado e nas alternativas, que me soavam como grego, mas em uma intrincada matemática que eu poderia jurar fazer algum sentido na hora da prova.
Existindo quatro alternativas por questão, a média do chute - e eu não poderia esperar nada melhor do que isso - seria acertar apenas 4 entre aquelas 16. A probabilidade de conseguir as 6 que eu precisava para a parcial aprovação era de uma em um milhão, e não me corrijam se eu estiver errado.
Enviei minhas preces a quem houvesse de escutá-las, e, nada mais podendo fazer, abri a cerveja e liguei no futebol.
Hoje saiu o resultado da prova. Dentre as dezesseis fatídicas questões, eu não acertei as seis que precisava, mas sete. Milagrosamente, acertei sete questões e fui aprovado. Antes de terminar essa gelada, desligar o futebol e passar a estudar para não depender da sorte na segunda fase que eu não esperava fazer, venho aqui compartilhar essa história com os meus queridos amigos, com os queridos amigos dos amigos e com os queridos desconhecidos da internet.
Não venho pedir os parabéns nem tampouco contar vantagens. Não poderia fazê-lo. Certamente, muitos outros se preparam por meses, quiçá por anos, em noites de leitura e tardes em cursinhos. Estes tem na sua aprovação a consequência necessária do próprio esforço. Não sou um deles. Não tenho o orgulho dos preparados, mas a paz de espírito dos iluminados. Mais do que pela aprovação em si, minha satisfação está em receber a graça dessa misteriosa força universal. Uns chamam-na de destino, outros de benção, outros ainda, de Deus. Eu a chamo de sorte dos vadios.
Mas o nome é o que menos importa, o fundamental é que essa força existe, ora distribuindo dádivas, ora penas. Aqueles que estão sempre preparados só conhecem as intermitências do Mar Grande na derrota, e o amaldiçoam. Só os medíocres podem sinceramente crer e adorar essa voluntariosa força do desconhecido. E deles será o Reino dos Céus.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

De um livro

- Vá até aquela parede e fique com as costas encostadas nela.
- Pra quê, pai?
- Você já vai ver, é uma brincadeira muito legal.
- É sim meu filho, pode ir.
- Tá bem mãe.
- Pá!

Seu pai era um cara legal, apesar de tudo, talvez fosse mesmo uma boa idéia procurá-lo nesse momento de aflição, morava agora em um lado afastado da cidade, não afastado como uma casa de veraneio, era mais parecido com aqueles lugares para onde vão os bandidos nos dias de instalação de uma UPP, não, ele não morava em uma cadeia nem em um cemitério, também não morava em Nova Iorque, é que os bandidos aos quais me refiro não são aqueles que sobem o morro no dia de instalação de UPP nem àqueles que mandam os outros subirem o morro.

Na verdade ele não sabia exatamente onde seu pai morava, nunca tinha ido lá e já fazia algum tempo que não falava com ele, o velho era excluído digital e se recusava a falar por telefone também, esse procedimento deve ser inspirado em algum filme sobre a máfia italiana, mas isso são apenas desculpas, nem que ele fosse o rei da conectividade seu filho o procuraria, não até aquele momento pelo menos.

Estava lá, recluso em seu lar, fazia tempo não encontrava motivo para sair de casa, e ele precisaria mesmo de um motivo muito bom para tal, diante das inúmeras razões que tinha para permanecer em sua rotina de apreciação das noticias mais violentas possíveis via mídia televisa ou impressa, aquilo lhe dava certo prazer, aparentemente o século XXI não era capaz ainda de ser pano de fundo de histórias como as suas, os jovens das noticias “atuais” acreditam mesmo que a juventude é a melhor coisa que terão na vida, e ele já tinha tentado passar a sua experiência para frente de várias maneiras, não obteve sucesso nessa missão. Outra atividade prazerosa de sua rotina era cuidar de seus cães, tinhas 3 filas-brasileiros, capazes de devorar um boi inteiro e cagar como toda uma manada, então a atividade limpar fezes de cachorros preenchia boa parte de seu tempo, o resto do passava bebendo, comendo e dando prazer a uma certa moça.

Só podia ser louca aquela menina, 23 anos e ao que parece sua vida consistia em ser balconista na zona sul de segunda a sábado das sete as dezessete, para ganhar mal ainda, a julgar pelas roupas e perfumes pobres que usava, alguns rapazes ganhavam quatro vezes o que ela ganhava para ir a faculdade de segunda a sexta, meio período, o tempo que os sobra passam apurando a forma física ou na praia ou na praia apurando a forma física, e o que eles ganhavam não tinha desconto e nem imposto, a Juliana dizia que tudo tem razão de ser. Bom, o resto do tempo passava com ele, 60 anos, humor negro e não gostava de sair de casa, mas a loucura dela até que lhe alimentava, naqueles tempos era o suficiente para lhe prender a atenção.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Tristes coloridos

Uma pergunta para você caro leitor, é a cultura que influencia a música ou é a música que tem influência sobre a cultura? A questão é difícil, portanto não precisa se apressar para encontrar uma resposta. Tomemos alguns exemplos para efeito de estudo a fim de facilitar. Os Beatles usavam drogas por que a juventude usava ou a juventude usava por que os Beatles compunham sob efeito? Continua difícil, não? Busquemos então outro exemplo, agora a nível nacional. Foram as canções de protesto do Chico que insurgiram a multidão contra a ditadura ou foi a multidão que insurgiu as canções do Chico? Após alguns momentos de reflexão talvez você esteja pensando da mesma forma que eu, as duas coisas ocorrem. Bom, se não for o seu caso, irei ignorar a sua linha de pensamento nessa análise.

De qualquer forma, fica evidente a importância da música dentro da cultura. Certa vez, comentando sobre a Bossa Nova, Tom Zé fez uma colocação que ajuda a entender a dimensão da coisa. Dizia ele que o ritmo de João Gilberto era um marco dentro da história do Brasil. Pela primeira vez um país que exportava bananas passou a exportar arte, o grau mais alto da capacidade humana segundo ele. Ainda pode parecer pouca coisa para alguns que se ouça Vinícius e Tom no salão de entrada do aeroporto internacional de Nova York mas não é. Falando deles, tomemos os EUA como exemplo. Quem são os maiores exportadores de arte, logo de cultura, no mundo globalizado? Consequentemente, ou não, são eles a maior potência econômica do mundo. Como já foi dito globalização não existe, o que ocorre é um processo de americanização. Basta ligar a sua televisão para confirmar o que lhe digo camarada.

Agora com o amigo leitor mais engajado no assunto, mais consciente sobre a importância da música, partiremos para outra problematização, dessa vez a mais importante. Quando foi que a música se tornou isso que ouvimos hoje nas rádios? Tenho para mim que música é vida. Ouvi Bob Marley a aproximando à religião dentro da cultura rastafari. Na África os tambores são instrumentos sagrados, soam como o som do coração da mãe batendo para o feto ou o som do vento para o nascido. A música é forma de contato entre o homem e o seu Deus. Não há argumento maior que esse.

Música é vida, repito. Nela há espaço para tudo: tristeza, alegria, raiva, saudade, amor... Todos tem um motivo diferente para ouvir e cantar. A música sempre existiu como forma do homem se expressar, cantar ou tocar sobre aquilo que ele julgava capaz. Os Stones cantavam a alegria de ser jovem em uma época de mudanças e os Racionais sobre o que a televisão ainda não transmite. O problema é que de uns tempos pra cá a música - ou melhor, quem participa do processo de divulgação e criação - passou a ceder espaço aos que não tocavam sobre isso. A música sempre esteve mais voltada para a conquista, para a capacidade de conquistar algo, seja o amor de alguém ou alguma causa mais distante. O diferencial dessa geração colorida de hoje é que eles cantam sobre a impotência, a incapacidade.

Em algum momento da história humana fizemos a transição dos Beatles para o Simple Plan. Isso não se pode creditar unicamente as grandes gravadoras e a mídia em geral, como observamos nos primeiros parágrafos desse texto. E o mais triste é constatar que se trata de um tendência mundial, não só no âmbito da música mas nas pessoas. Nesses tempos melancólicos em que vivemos felizmente a música verdadeira ainda persiste, apesar de ser cada vez mais raros os casos aonde ela acontece.






quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não primemos cânico, meus movimentos são friamente calculados

Preocupado com o entreterimento de nosso expressivo número de leitores mensais (creio que já chegamos perto dos 6), decidi escrever um texto rápido, falando um pouco sobre minha humilde pessoa, colaborador desse blog.

Matutei sobre o que exatamente deveria falar e, dentre todas as minhas excepcionais características, decidi falar um pouco sobre minha capacidade calculística. Aliás, já perceberam que em todas as histórias, desenhos ou quadrinhos que se prestem há sempre aquele indivíduo que toma suas atitudes de forma friamente calculada? Em yuyuhakusho (sou um saudosista), tinhamos Kurama. No universo DC, temos o homem morcego. Na história contemporânea, Napoleão Boanaparte.

Quando criança, era bacana imaginar como era parecido com esses personagens, em como isso me fazia diferente das pessoas, em como ser calculista, em como planejar as coisas, podia ser útil. O problema foi quando dei o próximo passo (e não sei quando exatamente foi).

Hoje tendo a calcular toda a minha ação do dia, e provável reação que ela vai causar, e minha ação subseqüente. E isso é para praticamente qualquer ação, desde minha relação com as pessoas, até a apresentação de um trabalho ou mesmo o que escrevo por aqui.

Não estou exagerando.


Para se ter uma idéia do nível da coisa, há uns meses decidi ligar para uma amiga, a... bem... vamos chamá-la de Flávia. Acontece que eu e Flávia ficamos durante uma viagem e achei que seria bacana ligar para ela e marcar um cinema. Isso foi por volta das 14 horas... Eis que me surgiu a dúvida: quando alguém atender, devo falar o simpático "Boa tarde, a Flávia está?" ou deveria tentar o mais distante "Por favor, a Flávia se encontra?"

O tempo foi passando e fiquei me perguntando a impressão que eu passaria para quem atendesse o telefone baseado nessas opções, provavelmente indiferente e, talvez, por isso, acabei tendo alguma dificuldade em decidir.

A coisa foi me irritando e a tarde passando. O Sol já havia se posto, e eu não conseguia decidir o que seria melhor, ''Boa tarde'', ou ''Por favor''. Sete horas se passaram, SETE HORAS, até que finalmente tomei uma escolha. Infelizmente, quando liguei, o irmão dela atendeu e me avisou que ela havia saído. Natural, afinal, já passavam das nove de uma sexta feita.

De uns tempos para cá venho tentado ser mais espontâneo, mas é realmente complicado tentar mudar quem você é. O amigo leitor certamente já tentou uma nova abordagem para a vida após perceber algo que não gostava na maneira que levava a sua, e muito provavelmente falhou. Caso não tenha falhado, só conseguiu essa mudança por meio de muito esforço.

O que me leva a um tema importante, que é a força de vontade. Mas se você é um lanterna verde, você provavelmente já sabe tudo o que tem que saber sobre a força de vontade, se, como eu, você não é o lanterna verde, você pode esperar alguns dias para falar sobre isso.

É isso meus quatro camaradas leitores do blog, espero que tenham podido conhecer um pouco melhor esse humilde colaborador. Não deixem de ler as impressões do amigo Murilo sobre o retorno de Juninho, como sempre, tratando-se do vasco, muito parcial, interessante e verdadeiro.

Ah, e só para constar, optei por "Boa noite, a Flávia está?"

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Boca no Trombone

Sempre achei a internet uma ferramenta fascinante, ela te dá liberdade para falar as bobagens que der na telha, e ainda sob um semi-anonimato. Não é necessário ter nenhum conhecimento ou embasamento sobre o tema que se quer abordar. Incrível! Simplesmente incrível! Hoje venho fazer uso desse megafone virtual para esbravejar, de forma totalmente leviana, minha opinião sobre mais um tema extremamente polêmico e de grande relevância para o desenvolvimento de nossa Republica Federativa.

Recentemente recebemos a noticia de que o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro instituiu o ENEM como único método de seleção de alunos, abolindo seu tradicional vestibular. Essa noticia desagradou a maioria dos vestibulandos com quem tenho contato, e virou até mesmo motivo de provocação entre amigos. Cheguei a ouvir um aluno da UERJ brincando com um colega da federal dizendo que esta perdeu toda sua credibilidade, e mais, o futuro bacharel ainda profetizou que tal medida tomada pela UFRJ não resultará em outra coisa senão na degradação da qualidade de seu ensino, comparando-a a uma escola municipal.

Qual será o motivo de tamanha indignação de nossos candidatos a universitários? A reclamação mais comum parece ser a concorrência. Por ser um exame nacional, qualquer estudante do país que preste o ENEM pode concorrer a uma vaga na UFRJ. Mas o que isso realmente significa? Sob meu ponto de vista há apenas uma interpretação, os estudantes mais esforçados do Brasil virão para cá. Como isso pode ser considerado ruim? Meus amigos, entendam de uma vez, faculdade não é fábrica de diploma, sua verdadeira vocação é a produção de pesquisas, alem do mais a concorrência é sempre benéfica. Esforçamos-nos mais quando somos pressionados, isso é natural do ser humano.

No entanto, algo me leva a crer que nossos jovens estão sendo influenciados em suas opiniões. O atual modelo de vestibular que estimula a decoreba e a entoação de musiquinhas no lugar de um verdadeiro aprendizado beneficia principalmente aos cursinhos preparatórios cujo único objetivo é o lucro. Não se enganem amigos, se você ganhou algum beneficio para “estudar” em algum curso pode estar certo que de alguma forma os donos estão lucrando.

O tema com certeza levanta muitas questões e opiniões divergentes, mas devo encerrar por aqui minhas conjecturas. Antes de terminar, porem, quero declarar que o Rio de Janeiro esta sendo pioneiro em uma mudança no método de seleção para faculdade, e não cobaia como alguns acreditam.

ps: as férias chegaram crianças, farei uma sugestão aos milhares de leitores deste blog: abaixo listei cinco títulos de livros curtos (média de 120 paginas), mas extremamente bons. Escolham ao menos um para ler, garanto que não se arrependerão. Bom divertimento.

A Revolução dos Bichos (George Orwell)

A Metamorfose (Franz Kafka)

O Velho e o Mar (Ernest Hemingway)

Vinte Mil Léguas Submarinas (Julio Verne)

Vidas Secas (Graciliano Ramos)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Rei Voltou

Pensei bastante sobre o que escrever aqui após esse lapso de quase um mês. Tempo, certamente, não faltou. Tinha em mente algumas considerações sobre a grande mídia, seus preconceitos e ideologias inconfessáveis, ocultos sob a suposta imparcialidade da máscara de cera dos apresentadores de Jornais Nacionais. Mas na segunda-feira o Julio tangenciou a questão, que é assunto pesado e sério. Como esse blog não é um balcão de denúncias, mas quase um botequim virtual, cabia a mim aliviar o bate-papo depois do gole seguinte. Veio, então, a ideia de falar sobre um certo verso de samba que resume a condição humana, ou reescrever um texto de memórias do velho blog...
A intenção, enfim, era evitar o futebol e trazer um tema diferente. Até ontem à noite vinha conseguindo. Nenhuma das ideias que tive, nenhuma das frases que construí, tinha nada que ver com gramado, bola ou chuteiras. Mas, depois de mais de 10 anos, eis que Juninho volta à campo com a camisa do Vasco e, em dois minutos, faz um gol mágico, daqueles que derribam falsas verdades e fazem repensar toda a vida. Eu bem que tentei, mas abordar qualquer outro assunto logo após os acontecimentos de ontem seria evidente tolice.
A rigor, não é exatamente de futebol que trato aqui, tampouco nos textos anteriores. O que fez Juninho ontem, assim como fez o Vasco há um mês atrás, extrapola em muito o futebol, ou ao menos aquela ideia obtusa de futebol. Só os mais insensíveis entre os homens – entre eles, os intelectualóides detratores do esporte e os participantes de mesas-redondas – podem acreditar que o jogo é um enfrentamento de esquemas táticos ou que a torcida é uma cifra de venda de camisas.
Se assim for, não escrevo sobre futebol. E por uma única razão: minha absoluta ignorância acerca de estratégias de jogo, organizações táticas, esquemas de marcação, jogadas ensaiadas, mercado de boleiros, campanhas de marketing ou patrocinadores. Mas se insisto em abordar o tema é porque há muito mais além da superfície. O futebol, por ser de verdade, é o mais belo teatro e é capaz de refletir a nós mesmos através das mais perfeitas metáforas.
Juninho, ontem, retornando depois de uma década de degredo, foi o grande protagonista: dois minutos de jogo, uma falta da puta que pariu, um chute certeiro, o gol. O jogo poderia ter acabado ali. Em verdade, o jogo acabou ali. Que importa o que houve depois? Que importa que o Vasco tenha perdido?
Após o gol, vieram 88 minutos de cumprimento de exigências burocráticas. O resultado, os gols do Corinthians, cada um dos lances da partida, serão para sempre esquecidos pela sua desimportância frente a um campeonato de inúmeros jogos. O eterno da partida de ontem é o retorno de Juninho, o nosso reizinho.
Eu, um republicano teimoso, curvo-me à monarquia de Juninho. É ele o rei que, em troca de um salário mínimo, volta à terra para morrer em campo junto com seu povo. É o herói de Pernambuco, menos pelos seus feitos que por seu sotaque renitente e orgulho autóctone, que acabam por de fazer dele um Dom Sebastião de cordel, honrando as mais profundas raízes de nossas tradições.
Os doutos de hoje hão de sair do ostracismo para revolucionar a filosofia política inspirados pelo retorno de Juninho. Os arqueólogos e historiadores de amanhã, vendo nosso tempo de tão longe, contarão a lenda de um certo rei que desapareceu em Alcácer-Quibir, e ressurgiu no Pacaembu.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Discussões polêmicas


A política suja que é praticada no Brasil tem como uma de suas táticas fedorentas o posicionamento sobre assuntos polêmicos. Acontece da seguinte forma, surge algum projeto que trate de algum tema polêmico, a mídia vai atrás dos principais FDP’s da política afim de descobrir qual é a sua opinião sobre o projeto, a regra geral é ficar em cima do muro porém tenho uns fanfas da política que gostam de aparecer e aí se posicionam firmemente sobre o assunto, aí começa a guerra de merda (Ou dos merdas,como queira).

Os grupos políticos começam a se atacar baseados nas opiniões sobre o tal tema, e a mídia vai deixando o fogo cada vez mais alto que é para a sopa de merda cheirar bem longe, todo mundo “envolvido” na discussão, na real mesmo a população nunca chega a saber a real opinião dos babacas engravatados, o objetivo da discussão costuma ser exclusivamente desgastar a imagem do governo frente a população, que não tem opinião formada mas quando a oposição espalha que o governo pretende tomar alguma atitude, entra em pânico e joga pedra no governo.

Agora, por que não discutir soluções práticas para problemas que realmente existem e não são apenas pontos de vista? O SUS é uma porcaria, está falido, não atende a população, a violência nas cidades só aumenta, a educação pública fica mais sucateada a cada ano, a população que vive na miséria só recebe migalhas, e enquanto isso estamos perdendo tempo discutindo homofobia, casamento gay, adoção por casais gays, eu quero mais é que isso se exploda. Me incomoda muito mais ser obrigado a pagar seguro contra roubo para o meu carro do que casais homossexuais se pegando em público, ter que pagar plano de saúde e o povo ta discutindo se legaliza ou não a maconha, chega disso porra!Vamos ao que interessa!

A gente está sendo enrolado pela mídia, apenas isso, eles ocupam nossa mente com temas secundários, soma-se a isso a rotina corrida para atender a nossos anseios consumistas também motivados pela mídia, e ta feito, o tempo vai passando, a gente vai votando baseado nesses temas e a roubalheira e a safadeza vão se perpetuando.
O povo está indo para rua fazer parada gay, marcha da maconha, caminhada das putas ou sei lá o que, mas protestar contra o assalto que é a cobrança de impostos visto que o governo não nos fornece nada ninguém quer.

Eu pretendia colocar humor nesse texto aqui mas pelo visto não rolou, e já to puto aqui então é melhor parar se não o texto vai ficar bem zoneado.

Só mais uma coisa: não ridicularizem a discussão sobre o bullying, todo mundo sabe a diferença entre se referir a um amigo seu que é gordo chamando ele de gordo e querer efetivamente diminuir alguém chamando de gordo. É óbvio que a maioria sobrevive a zoação característica dos tempos de colégio sem grandes seqüelas, porém é válido conscientizar que essa zoação pode causar seqüelas sérias em algumas pessoas.