quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Que vida boa!


Há um bom tempo existe a discussão sobre o que é melhor: Capitalismo ou Socialismo?O que é capitalismo?O que é socialismo?E o comunismo?

Bom eu digo, sem usar nenhuma fundamentação teórica, ou seja, da porra da minha cabeça, que não existem definições claras sobre esses conceitos, as pessoas que iniciaram essa discussão já morreram a mó tempão, e eles deixaram registros escritos tão confusos(lembro do meu sofrimento nas aulas de filosofia, sociologia e etc), que todo dia um trabalho novo é o publicado com teorias conflitantes criadas a partir das mesmas bibliografias.

Todo isso escrevi para dizer que na prática o que está ocorrendo é que as potências "capitalistas" tomaram o mundo e através do imperialismo tentam se impor sobre outras nações, daí fudeu com tudo porque agora a gente não sabe se o socialismo fracassa pelas suas teorias ou fracassa porque o capitalismo fode com ele, há quem diga também que o socialismo não fracassou na verdade, HÁ!Esse ponto sim me interessa, afinal eu gosto de estar sempre a favor das minorias, pelo menos quando o assunto não é futebol, cerveja e mulher...

Alguns anos atrás ainda no CPII, quando o Fidel deixou o poder em Cuba, eu conversava com um amigo meu:

- Legal hein cara, agora Cuba poderá se desenvolver e talz, esse cara já está mandando lá a mó tempão, o povo deve estar feliz...
- Po cara, não é bem assim não, tem gente lá que chama o Fidel de pai e está lamentando muito a saída dele.
- Ué mas todo dia eu vejo noticia de alguém que fugiu de lá, um lugar assim não pode ser bom.
- As pessoas são insatisfeitas por natureza cara, e também, você já pensou em quem manda nos meios de comunicação?São as mesmas pessoas que ajudam a ferrar com Cuba, isolando ela do mundo e blá blá blá blá blá blá Whiskas Sache...
- ....
- Eu já li também que lá não existe miséria, nem analfabeto...


Bom, a partir dessa conversa aí eu comecei a desconfiar de tudo, comecei a sempre procurar saber dos dois lados da moeda, eu ainda não tenho uma opinião formada sobre esse assunto especifico, mas é uma conversa que me interessa.

Ontem li um texto falando que a Líbia não era tão ruim e nem o Kadafi era tão ruim como é noticiado, nesse texto dizia que a ONU, em 2007, reconhecia que o IDH da Líbia era maior que o do Brasil, entre outras coisas, o texto é do blog realpolitik, procurem aí, lá tem algumas nesse sentido, lá eu também li sobre a Coréia do Norte, também dizia que lá não era tão ruim assim...

O texto já ficou grande então vou parar por aqui, mas no próximo vou escrever sobre o seguinte:

O que você prefere: Viver em uma sociedade onde você possa ter carros, casas, comidas e tecnologias luxuosas ou viver em uma sociedade onde ninguém conseguirá nunca ter acesso ao luxo, mas não exista fome, miséria, pessoas morando na rua, gente analfabeta?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os movimentos da USP - I

Na última publicação eu apresentei o tema de meu próximo post: Os protestos ocorridos na USP.

Me admira que o amigo Delfim não tenha deliberado sobre o tema. Antes que ele o faça e, inevitavelmente, condene todos os maconheiros à morte, gostaria de publicar minha modesta opinião sobre o assunto.

Em primeiro lugar gostaria de deixar claro que não dou razão nem ao movimento dos estudantes e nem mesmo à estúpida repressão feita a eles. Além disso, sou defensor de manifestações a favor da legalização das drogas (seja quais entorpecentes forem), de reformas políticas de qualquer tipo e, inclusive, sou a favor de manifestações que problematizem mais a questão da pedofilia.

Sou, em suma, a favor de qualquer debate e de discussões acerca de tabus na sociedade, embora não seja, necessariamente, a favor de tais tabus. Mas todos tem direito de tentar legalizar o que acham ultrapassado, sendo o debate científico uma das melhores formas de legitimar tais lutas.

O que ocorreu na USP não foi um movimento a favor da legalização dos derivados da cannabis sativa. Não era essa a luta levantada pelo primeiro protesto. Tão pouco me parece que era a luta política, para a qual o debate progrediu. O início da manifestação claramente foi pela detenção de alunos que fumavam baseado dentro da universidade, o que foi visto como um abuso de autoridade da PM. Ora, contra esse abuso, que impedia o direito natural dos estudantes de se drogarem dentro da Universidade Pública, deu-se início todo o alvoroço. Veja bem, a luta não foi pela legalização da maconha. Foi pelo pretenso direito que os estudantes tinham (e tem) de que poderiam se drogar dentro da faculdade sem serem incomodados. Pela continuidade desse direito, vimos aquela primeira manifestação.

E peço para que os estudantes que hoje estão lutando contra o Reitor não sejam hipócritas; esse foi o motivo do primeiro protesto.

Chamo a atenção para esse ponto e, vou reforçá-lo ainda mais, porque observo a tendência de, atualmente, o desvio do assunto, quando não sua distorção. Alguns falam, inclusive, que o movimento se deu pela atuação geral da PM, que sempre fora arbitrária e, novamente, autoritária. Friso: não digo que ela não foi/é. Casos e mais casos já foram relatados, de moralismo cristão até preconceito étnico. Contudo, os estudantes não se mobilizaram em nenhum momento contra essas dezenas e centenas de abusos. Não protestaram de nenhuma forma. A detenção de três estudantes, cujo direito de fumar um baseado foi tolhido foi capaz de mobilizar essa turma revolucionária. Não o direito à dignidade do amigo negro que foi taxado de marginal, em um dos relatos. Mas o direito de fumar maconha. E isso, ninguém vai esquecer, por mais que se esforcem para apagar da memória o estopim do movimento. Então, menos hipocrisia de motivos nobres. Muito menos.

Tendo dito isso, devemos agora tratar do impacto dessa notícia. Basicamente três correntes se formaram, com opiniões distintas sobre todo o caso. A primeira eu chamo de corrente tropaelitista. A segunda, dos revolucionários de ocasião e, por fim, a dos manifestantes políticos.

Nesse ponto, devo admitir que de modo algum concordo com todos os comentários que parecem ter sido retirados do filme “tropa de elite”, em que os maconheiros de classe média são taxados de financiadores do tráfico, com ênfase tal que parecem ser os principais responsáveis pelo tráfico de drogas. Peço a esse pessoal que reflita um pouco mais sobre a presença do tráfico no Brasil. Questões muito mais diretamente ligadas ao problema são deixadas de fora desses comentários rasos, como a entrada absurda de entorpecentes “de gente fina” e armas nas fronteiras brasileiras que deveriam estar sendo fiscalizadas. Se a coisa vem parar aqui, é porque tem alguém lá em cima facilitando o acesso. E, estando os maconheiros/drogados de qualquer classe social moralmente corretos ou não, é simplesmente errado o uso de violência desnecessária para castigá-los. Frases como “tem mais é que apanhar mesmo” só refletem a falta de pensamento crítico dos tropaelitistas. O caráter da polícia não é corrigir ou castigar. Não se castiga mais assim. Esse é um hábito que era legítimo até o início do século XX, tempo demais na minha opinião e, de modo algum, cabe em uma sociedade do século XXI. Muito menos quando aplicado pela polícia.

Os revolucionários de ocasião é como enxergo um grupo razoavelmente expressivo de alunos que decidiu manifestar-se pelo simples motivo de se rebelar. Os meios viraram objetivo. Também está inserida a parte dos estudantes que protestaram pelos alunos que foram detidos, como se não devessem ser e, ainda, pessoas que simplesmente querem extravasar a raiva contra autoridades, aparentemente representada pela propriedade pública; São os marxistas da GAP, tão criticados pelos que polarizaram o discurso de maneira mais “conservadora”.

Por fim, o grupo dos manifestantes polítocos. Aqui a coisa fica mais interessante, mas falarei deles na próxima semana, dada a impossibilidade de fazer um único post, pelo tamanho exagerado que o texto tomaria, afastando nossos únicos cinco leitores.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Novidades" das últimas semanas

Muita coisa aconteceu desde a última vez em que eu escrevi aqui; Um comediante fez uma piada moralmente questionável em rede nacional e foi prontamente censurado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –que admiro bastante, descobriu que estava com câncer de laringe e, talvez o mais importante, perdi a vistoria do Detran.

De qualquer modo, não irei me estender em nenhum desses três tópicos de maneira profunda, embora queira destacar alguns pontos importantes sobre eles:

1-Todo mundo está tão preocupado (ou estava) com toda essa temática da censura e da moralidade do politicamente (in)correto no caso do Rafinha Bastos que, aparentemente, ninguém deu importância ao mais interessante no caso todo (exceto, talvez, Ronald Rios): a piada foi ruim! E não digo que ela foi ruim no sentido de ter sido errada, ela foi, apenas, muito sem graça, além de, convenhamos, não ter sido escrita pelo R. Bastos. Porra, o cara é um comediante profissional! Nesse papel, como pode fazer uma piada tão, mas tão sem graça em rede nacional?

A turma do CQC, em especial o R. Bastos e o Gentili, esforçam-se para construir sempre um conteúdo alinhado ao politicamente incorreto, para, posteriormente, fazer uso de um discurso de perseguição midiática ou, pelo menos, serem conhecidos como polêmicos. A coisa chega a um patamar simplesmente triste quando, para tentar se manter nesse status de ''comediante acima do código moral”, um profissional no assunto faz uma piada tão sem graça e pouco original tal qual “comia ela e o bebê”. Realmente. Hilário.

Antes de falarem de liberdade de expressão e moralidade, creio que as pessoas devam retirar desse episódio a mediocridade de boa parte dos comediantes profissionais brasileiros. Ronald Rios fala um pouco (bem pouco)sobre o ''polêmico'' assunto, e você pode conferir aqui: http://www.youtube.com/user/altacupulavideos#p/u/5/OKLsOsScy5o

2-Sobre o câncer do lula: vamos parar com essas piadinhas mandando o presidente se tratar na SUS (acho que já pararam, o post é meio velho, então, vamos nunca mais fazê=las). Não vou nem me estender sobre o assunto, fica aqui as palavras que uma amiga publicou no facebook:

Neste exato momento estou constrangida por compartilhar essa rede social com tanta gente preconceituosa, babaca, mesquinha e medíocre...... E não é só em relação ao câncer do Lula,são tantos outros comentários cruéis, que é vergonhoso, mas mandar ele se tratar no SUS é bem o retrato dessa juventude branca, classe média, universitária,que é contra a cota, fã do Rafinha Bastos, que não faz a mínima ideia dos problemas sociais desse país. Até que ponto essa liberdade de expressão é válida? Acho que estamos precisando rever nossos conceitos, pq tem certas coisas que eu desejava não ter que ouvir, é simplesmente pura agressão. Por favor, deletem suas contas do facebook e vão ler um livro, a opinião de vcs não nos interessam.
Thais C.

3- Sair de casa 6:50 em busca do Detran de Irajá e retornar 12:30 sem ter conseguido chegar ao mesmo. É Rio de Janeiro, essa cidade maravilhosa, de trânsito maravilhoso, em um dia maravilhoso. Com direito a ter o fusível de uma função elétrica do carro queimado após três horas de trânsito na Avenida Brasil.

Sem muitas opções, remarquei a vistoria, cuja data mais próxima é no dia 22 de dezembro. Exato, o feriado mais importante de todos: a véspera da véspera da véspera de natal. Isso para fazer uma vistoria veicular sem sentido, no único Estado do Brasil em que essa prática ilegal ainda é aceita, sendo realizada por um serviço terceirizado.

Bom, nada disso é verdadeiramente mais importante do que o próximo tópico. Pouco importa a questão do comediante na televisão brasileira, a saúde do ex-presidente Lula, ou mesmo minha própria vida pessoal, quando comparadas ao nobre direito de se drogar dentro de uma universidade pública. Sim, meus camaradas da USP, nessa importantíssima luta política, comparável à resistência contra a grande repressão da ditadura brasileira e, aparentemente, o Maio de 1968 na França, estamos todos com vocês.

Claro que o último parágrafo é um exagero de um movimento que (talvez) vá além disso. Mas falaremos disso na próxima semana, ou no próximo mês, quando eu postar de novo.

=*

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Valeu São Judas!!!


Mesmo na tradicional correria de fim de ano, não poderia deixar os amigos sem nossa tão aguardada resenha não é mesmo?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Reta final do Brasileirão 2011


O brasileirão desse ano está muito bom e muito diferente dos últimos anos, para o futebol carioca principalmente já que entre os 6 primeiros estão os 4 cariocas, inclusive nesse momento todos os cariocas estão na zona de classificação para a Taça Libertadores, apesar dos dois últimos campeões brasileiros serem times cariocas, nesses anos tirando o campeão os outros estavam na parte de baixo da tabela.

Essa situação favorece os churrascos regados a cerva, apesar de fazer algum tempo que não compareço a um, né Diego?Porém também é um risco afinal imagina o que será o fim de 2011 para os flamenguistas se o Vasco ganhar a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro no mesmo ano?O que será do fim de 2011 caso o Flu se torne bicampeão brasileiro?O único dos cariocas, fora o Flamengo, que não me importo tanto que seja campeão é o Botafogo, fala sério!O Botafogo está tomando o lugar do América no Rio, eu sempre ouvi que o América é o segundo time de todo carioca, eu acho que o Botafogo está virando esse time, porra não consigo nem zuar botafoguenses, primeiro que é difícil encontrar algum depois que vou falar o que para eles?Não tem nem comparação, chega a ser covardia, eu tenho nutrido um certo carinho pelo Botafogo, me amarro no futebol do Loco Abreu, e pelo menos se eles levarem esse título não vai ter ninguém para me zuar, eu vou poder dizer que eles não ganham nada a milênios, chororô e bla bla bla bla...mas sinceramente?Pensando com frieza?Mesmo o Botafogo dependendo de uma vitória sobre o desinteressado e desfalcado Santos para se tornar líder do campeonato, eu não consigo imaginar um mundo onde o Botafogo comemore algum titulo, o Botafogo tendo como técnico o Caio Jr. então?Ah valeu Claúdia, senta lá.

Não vou deixar de comentar logo também a batalha épica que se anuncia, Flamengo e Vasco, última rodada, disputando o título do Campeonato Brasileiro, alguém acreditava que isso ainda fosse acontecer em um campeonato de pontos corridos?Só lamento o Maracanã não existir mais para abrigar esse jogaço, se já estivessem vendendo ingresso eu compraria. Estarei lá concerteza cantando: Dança, dança/dança a dança da bundinha/ no Maracanã /bacalhau virou sardinha!!!É mesmo uma pena o maracá faltar a esse espetáculo, por mim deveriam dar um jeito abrir o templo excepcionalmente para esse confronto. Reizinho da Colina x R10 !To lá!

Os bambis já começaram a entregar a peteca na reta final, os tricoletes cariocas vão pelo mesmo caminho já já, a arbitragem tem que parar de carregar o Corinthians nas costas, o Botafogo já foi citado, então é isso.

Bom, mas de tudo que disse até agora a única coisa que realmente só depende da nossa vontade é aproveitar essa reta final para fazer alguns churras regados a cerva, né Diego?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Atenção emissoras...

Olá meus amigos de bar, após longo recesso voltamos com nossa programação normal do blog, ou quase isso como vocês bem notarão. Saibam que senti tanta falta de vocês quanto sei que sentiram de mim.

Durante nossa hibernação ocorreram muitos fatos curiosos e interessantes, todos dignos de debate aqui em nosso buteco virtual. Mas não pude tratar sobre nenhum deles, e não será agora que farei isso.

No entanto, a circunstancia da data me restringe a falar sobre um único assunto neste texto: o Rock in Rio Rio. E não poderia ser diferente, pois, como já estamos cansados de ouvir por aí, trata-se do maior evento de música do planeta. Sim, vocês leram corretamente, de MÚSICA, não de rock como o nome pode sugerir e uns e outros esbravejam babando por aí.

Não amigos, não fui e nem irei a nenhum dos shows. Por quê? Um misto de preços exorbitantes, dificuldade em conseguir ingresso e vontade de evitar a fadiga me levaram a não participar diretamente. Mas isso não significa que não estou relativamente atento ao que acontece na Cidade do Rock.

Alguns fatos relacionados ao evento têm chamado minha atenção. No primeiro dia de shows assisti pela televisão uma mulher de meia idade dentro de seu carro reclamando que não podia ultrapassar a barreira de veículos. Bem, eu, que nem circulo por aquela área, sei a pelo menos um mês que carro não entra ali, salvo os que tenham credencial. Mas parece que para essa senhora e muitos outros tudo foi decidido naquele mesmo dia.

Pouco depois, a mesma matéria mostra outra senhora reclamando de alguma bobagem, quando, de repente, ela diz que o evento não tem "infraestrutura" nenhuma e que "isso é Brasil". Repito que não fui aos shows, portanto, não posso confirmar a veracidade das palavras da senhora, mas me permiti imaginar em quantos mega eventos internacionais ela teria ido para ter parâmetros de comparação.

Parece que a ingenuidade das pessoas não tem limites, creio que a organização do evento deveria contratar milhares de babás para atender ao público. Explico, li uma matéria que contava a história de um fotógrafo que teve seu equipamento furtado enquanto ia ao banheiro. Não consegui evitar imaginar a cena do pobre homem entrando na cabine e deixando seu material do lado de fora, para logo depois ter uma desagradável surpresa.

Outra notícia, no mínimo curiosa, relacionada ao evento é a greve dos guardas municipais. Não sei como ela está ou quais são as reivindicações, nem mesmo sei se eles ainda estão em greve, mas fiquei intrigado ao ouvir uma entrevista concedida por um homem que provavelmente era o porta-voz do sindicato. Quando questionado sobre o por que dos guardas entrarem em greve na semana do Rock in Rio, o mesmo respondeu que isso não foi proposital e que não passou de uma coincidência. Não tenho informações oficiais, e peço que me corrijam se estiver errado, mas as datas do Rock in Rio devem ter sido definidas há mais de um ano. Que espantosa coincidência! Falando em greve, os funcionários dos Correios também estão paralisados, e os operários da reforma do maracanã até pouco tempo também estavam. Isso nos leva à pergunta: a greve é a única forma de negociação dos trabalhadores?

domingo, 18 de setembro de 2011

[Bestiário Carioca] O Sambista Indigente


Habita os subúrbios do Rio de Janeiro uma espécie conhecida como sambista indigente. Os exemplares não são numerosos, o que já levou muitas vezes à conclusão equivocada de que a espécie estaria extinta. Entretanto, os espécimes existentes não costumam prezar pela discrição e deixam bem remarcado seu espaço social na fauna carioca. Acrescente-se que os sambistas indigentes fazem jus à fama de vaso ruim e sua vida longa compensa sua baixa taxa de reprodução.

O sambista indigente é comumente encontrado em qualquer ocasião social com seu tradicional blusão de mangas curtas. Na hierarquia dos botões, encontra-se algumas casas abaixo do pastor evangélico, do almofadinha e do cobrador de ônibus, isto é, com o decote da camisa aberto até a altura do umbigo. Longe de individualizar a espécie em questão, a característica é vista em diversas outras, tratando-se, sem dúvida, de uma adaptação evolutiva para suportar as temperaturas do quinto dos infernos - na amável expressão da querida rainha.

Por ser difícil o reconhecimento da espécie em questão, o sambista indigente é muitas vezes confundido com outra espécie do mesmo gênero, o alcoólatra anônimo. Mas este costuma ser desempregado ou, algumas raras vezes, equilibra-se em um emprego e aquele, por sua vez, está invariavelmente na posição intermediária, a de funcionário público.

Espécie de sensibilidade ímpar, o sambista indigente sofre o efeito das estações do ano, mudando de repartição a cada trimestre. Sua explicação para o fenômeno é a desdita da vida. A dos colegas e dos chefes, que chegam a praguejar contra a estabilidade do funcionalismo público, é a insuportável chatice do sujeito.

O sambista indigente, como o próprio nome da espécie permite antever, é um poeta não reconhecido. Seu talento nato para versar inclui as improváveis rimas de “amor” com “dor” e de “paixão” com “coração”. Suas composições situam-se em um curioso ramo do samba-exaltação mais voltado para o pelassaquismo. São comuns as letras em homenagens à sogra, ao chefe ou um dissonante improviso poético em honra do ouvinte da ocasião. Mas os motivos tratados são bem abrangentes, o sambista indigente é capaz de versos louvando Jesus Cristo, o Louro José e a bunda da vizinha. Às vezes, em uma mesma música.

Os seres desta espécie nunca perdem a oportunidade de mostrar ao mundo sua nova música de trabalho. Todos os conhecidos já tiveram a terrível experiência de ouvir uma de suas melodias acompanhadas do batuque da caixa de fósforos pela metade (o cigarro, pelo bem da música, só é aceso no isqueiro dos outros para não desafinar o instrumento).

Aqueles que se revoltam contra as rimas óbvias e letras de gosto duvidoso são imediatamente taxados de invejosos por esta curiosa espécie artística, aumentando sua certeza de talento diante da incompreensão demonstrada pelo mundo. Não há um só sambista indigente que, em defesa da qualidade de sua própria obra, não seja capaz de jurar de pés juntos que já foi plagiado pelo Jorge Aragão ou pelo Arlindo Cruz.

Por fim, aspecto muito controverso sobre a espécie, defendido por uns e negado por outros, é uma eventual e gradual evolução através das gerações para uma outra, a dos funkeiros de youtube. Observar as interações entre os indivíduos das duas espécies só aumenta a controvérsia científica sobre a proximidade genética: eles se observam, se cheiram, se bicam e se mordem, mas nada de se acasalarem.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Será ?????


Li essa semana uma matéria da ISTOÉ que chamou bastante a minha atenção, ela falava sobre uma tendência mundial de cada vez mais pessoas morarem sozinhas, totalmente sozinhas, não é meu caso atualmente, mas já morei sozinho e digo que não é muito legal não, não é barato e é muito chato, quase como um calabouço da solidão, e mesmo assim cada vez mais pessoas “querem” morar sozinhas, entre aspas porque eu não levei muita fé nesse querer morar sozinho já que a reportagem falava de recém-divorciados, viúvos, idosos, pessoas que estudam ou trabalham longe da sua cidade de origem e etc. Para mim os grupos que citei anteriormente não querem morar sozinhos, eles só adotam esse estilo de vida porque tem dinheiro para morar sozinhos e não querem correr o risco de dividir o lar com pessoas que não gozam de sua total confiança, e esse era ponto ao qual eu queria chegar, as pessoas cada vez mais não conseguem confiar umas nas outras!Na era da informação todo mundo conhece uma história do pedófilo que era um ótimo colega de trabalho, do cara que matou a namorada por ciúmes depois namorar cinco anos sem nem alterar o tom de voz, do vizinho que avisou quando outro vizinho tinha viajado daí invadiram a casa desse último e levaram tudo que lhe pertencia, do cara que levou uma gostosa para traçar e acordou sem um rim e etc. Ou seja, a internet, a televisão e o rádio passam a falsa sensação que sabemos de tudo, na correria de nossas rotinas estamos esquecendo que por motivos óbvios essas mídias preferem mostrar mais desgraças a casos de sucessos, daí ficamos com a impressão de que o mundo está acabando e não podemos confiar em ninguém, isso é mentira!Prefiro me ocupar com futebol, pornografia e humor quando estou vendo TV ou navegando na internet do que ficar procurando desgraça. No meio do que é informação tem muita desgraça que não faz diferença nenhuma na minha vida, eu não vou poder ajudar e passar a tomar cuidado para que não aconteça comigo só vai...bom, sobre isso que é o texto.

Só para exemplificar, nessa reportagem dizia que em Nova Iorque, 50% das pessoas moram sozinhas, Nova Iorque é a cidade mais populosa dos EUA! Nos EUA 25% das pessoas moram sozinhas e na Inglaterra esse número está em 30%, e cada ano esse número sobe, e eu tenho vários amigos jovens que hoje moram com os pais que pretendem em breve ir morar sozinho, eu fui um desses casos também, concordo que chega uma hora que você tem que partir mesmo antes de casar afinal não importe o quanto você receba trabalhando, morando na casa de seus pais você ainda não será independente, porém meu conselho é que você procure dividir o lar com amigos, há sim vários cuidados a serem tomados antes de decidir dividir o lar, esse é um assunto extenso e não é o foco do texto então vou deixar três dicas apenas:


1. Independente de com quantas pessoas você vai morar, cada um tem que ter seu próprio quarto.

2. Limpeza e arrumação são problemas sérios com nós jovens, isso é um fato, tanto para homens quanto para as mulheres, então pelo menos uma diarista é vital para manter a harmonia da casa.

3. Uma residência com 1 pessoa por quarto e com diarista, não costuma ser barato, logo certifique-se que seus colegas de republica tem condição e o compromisso de quitar suas dívidas.

Retomando, no Brasil o percentual de pessoas morando sozinhas está em 11%, pelos motivos citado a cima os países onde a maior parte da população tem condição de se sustentar tem mais gente morando sozinha, ou seja, como sabemos desde muito tempo antes de Cristo a necessidade une as pessoas.

Vou fechar dizendo que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã....mesmo que a maioria viva o famoso farinha pouca meu pirão primeiro!

Fonte dessa última figura:www.jacarebaguela.com.br

sábado, 20 de agosto de 2011

Algum lugar

I Algum lugar

Está muito frio aqui. Nunca fui um homem religioso, mas sempre ouvi falar que o inferno era um lugar quente. Observo a planta da qual saí. Uma vagem. Há muito tempo vi um filme em que alienígenas invadiam a Terra. Era de uma planta muito parecida com essa que eles nasciam. “Os invasores”. Estou mesmo morto?

Olho em volta enquanto tento me aquecer. Neve. Estou cercado por neve. A única coisa que se difere da cor branca são as milhares plantas verdes, espalhadas por entre os flocos gelados. Retiro a gosma rosa que cobre meu corpo e percebo que visto a mesma roupa que usava na prisão. Há sete furos feitos com facas na minha camisa, cortesia de meus amigos de cela. Eu me lembro da dor. Começaram pela costela. Dois furos. Estomago. Três furos. Peito. Dois furos. Então tudo ficou escuro. Primeiro senti frio, depois, senti ainda mais. Para onde devo ir?

Algumas plantas se movem de forma traiçoeira. Me agacho, ficando mais próximo da neve que já cobre meu joelho. Ainda estou confuso, não sei o que esperar. Quatro plantas se agitam e se rasgam lentamente. De cada planta sai uma pessoa, todas cobertas pela mesma gosma rosa. Um homem gordo, de cabelos grisalhos e pele rosada. Se porcos vestissem terno, provavelmente ficariam muito parecidos com ele. Uma mulher ruiva sai de outra vagem. Pele e vestido brancos. Diria quarenta anos. Desesperada ela tenta retirar a gosma. Três buracos no seu vestido. Conheço bem aqueles buracos. Chuto que foi um Calibre .223 Remington. A mulher não teve chance. Outro homem sai da terceira vagem. Da alguns passos até cair no chão. Magro, mas não muito. Roupas rasgadas e queimadas. Também é branco. O mais surpreendente vem da quarta planta. Uma menina de cabelos dourados se afasta de seu dormitório. A gosma cobre sua camisola, enfeitada com ursinhos. A pele é quase tão branca como a neve.

Todos estão desorientados. Me aproximo devagar, tentando combater a neve que teima em me segurar. O gordo é o primeiro a falar:

-Onde estamos?! –me pergunta aos berros. –Quem é você?

Fico em silêncio. Olho para a mulher que caiu de joelhos no chão quando reparou nos buracos em seu vestido.

-Que porra é essa? –o gordo me pergunta, enquanto chuta a planta de que saíra.

-Não sei muito mais do que você. –respondi com calma. A única certeza que tinha era que fora esfaqueado pelos meus colegas. Vendo o estado das roupas dos que chegavam, tinha cada vez mais certeza de que estava morto.

-Eu estava em um avião. –o homem magro falou. – Lembro da turbulência. As máscaras de ar caíram. Onde... Onde estou?

-Mortos. –a mulher lhe disse ainda no chão. –Estamos todos mortos.

Os homens resmungaram. Desesperadamente começaram a falar frases sem sentido, tentando narrar os acontecimento que levaram aos seus fins trágicos. Pelo o que entendi, o gordo havia se envolvido em um acidente de carro. A mulher me fitava. A garotinha falou alguma coisa, mas as vozes dos homens abafaram. Aquilo começava a me incomodar.

-Calem a boca. –disse.

-Quem você pensa que é? –o gordo se aproximou.

-Eu mandei calar a boca, porco.

Aquietaram-se. Olho para a menina que aperta a camisola de ursinhos.

-Pode falar, querida. –me ajoelho.

-Onde ta o papai?

-O papai esta longe, meu anjo. Agora você vai passar um tempo conosco.

Ela coloca a mão na testa enquanto sua mente tenta alcançar alguma informação. Seus olhos ficam vagos.

-E quem é o papai? –ela pergunta.

Levanto-me novamente. Amnésia? A menina agarra minha mão. Não fosse a estranha situação, provavelmente teria me excitado.

-Não sei quem vocês são. –falo olhando para todos.- Mas sei quem eu sou. E sei que isso não é o céu.

-Acho que devíamos ficar juntos. Ao menos por enquanto. –o homem magro fez a sugestão. –Meu nome é Bob.

Achei estranho.

-É o primeiro brasileiro com esse nome que eu conheço.

-Brasileiro? Por que acha que sou brasileiro? –o homem pergunta.

-Estou errado? Você não tem nenhum sotaque português.

-Português? Estou falando inglês!

-Também achei que falávamos inglês! –o homem de terno complementou.

-Estou falando francês. Estou ouvindo vocês falarem francês! –a mulher entra na conversa com algum nervosismo na voz.

Levo a mão aos olhos e respiro fundo. O ar gelado entra em minhas narinas. Nos encaramos. Aquilo era estranho. Falávamos todos a mesma língua. A língua da morte.


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A quem interessar a continuação, esperem alguma editora ter a boa vontade de publicar.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mateus 15, 21-28

"Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Eis que uma mulher cananeia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim. Minha filha está sendo cruelmente atormentada por um demônio!" Mas Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: "Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós." Jesus respondeu: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel." Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: "Senhor, socorre-me!" Jesus lhe disse: "Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos." A mulher insistiu: "É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!" Diante disso, Jesus lhe disse: "Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!" E desde esse momento sua filha ficou curada."

Por hoje é só amigos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Coisas do futebol, minha nega

"Hoje eu vim, minha nega,
Sem saber nada da vida”
Paulinho da Viola


Na tarde do último domingo, dia aparentemente pacato e comum, deu-se o incrível, o inesperado, o insólito. A equipe de futebol do Club de Regatas Vasco da Gama, com Dedé “O Mito”, Diego “Endiabrado” Souza, Fernando “Muralha” Prass e o restante de seu escrete primoroso, perdeu para o Botafogo com seu elenco mais-ou-menos. Dizer que perdeu é pouco, seja dita a verdade: o Vasco apanhou mais do que boneco de Judas em Sábado de Aleluia.
Tenho a certeza de que ninguém - absolutamente ninguém - esperava resultado semelhante. O jogo surpreendeu tanto os especialistas bem informados como os profetas de oito tentáculos. O mais otimista dentre os botafoguenses não previu mais do que uma suada vitória de seu time. Minto, talvez a frase servisse a outro torcedor na mesma situação, mas não ao botafoguense. Este, no auge de suas esperanças, aguardaria um jogo sonolento e um empate sem gols.
E não sou eu quem vem inventar ser o botafoguense um incorrigível pessimista e eterno melancólico. Quem assim dizia era o Nelson Rodrigues, que afirmava que o torcedor do Botafogo, ao contrário de todos os demais, ia aos estádios esperando ver, em vez da vitória, justamente a derrota. Eu me limito a comprovar tal verdade. E, de fato, é assim mesmo.
Certa dia, eu, reunido com um grupo de amigos, fazia prognósticos para o calendário de futebol que se iniciaria em pouco tempo. Com sangue nos olhos, defendi que o Vasco seria o campeão da próxima Copa Libertadores, mesmo não participando do certame. Um flamenguista, mordido pela minha convicção insana, não deixou barato e, babando de emoção, apostou seu salário do mês no seu time como o próximo vencedor da Champions League. “E invicto!”, ele fez questão de frisar.
Em seguida, o botafoguense ali presente, com uma estranha entonação de voz, que depois pensei ter sido uma vacilante tentativa de bravata, afirmou ter a esperança de que seu time faria a melhor campanha das últimas temporadas, alcançando a quinta colocação no campeonato brasileiro e perdendo a última vaga na Copa Libertadores apenas na última rodada da competição.
Na última segunda-feira, outra demonstração desse melancólico espírito alvinegro. Estava eu no metrô quando entrou um quarentão conversando com a mulher:
- Aqueles vascaínos lá do prédio que iam para o jogo, heim... devem ter ficado frustrados. Quatro a zero, ninguém esperava essa...
Um sujeito meio bicho-grilo ouviu e se meteu na conversa:
- Olha, eu sou botafoguense e digo para vocês que eu não esperava um resultado assim.
Aquele que falava com a mulher virou-se para o hiponga e respondeu:
- Eu também sou botafoguense e também não esperava aquele jogo...
Naquele vagão de metrô, meio vazio no horário de almoço, devia haver umas sessenta pessoas. Pelo menos duas delas eram torcedoras do Botafogo, uma tal concentração que só é capaz de encontrar paralelo nos mais importantes jogos do Engenhão. Como por mágica, estavam os dois ali frente a frente, reunidos tão somente pelo destino, sem sequer um conhecer o time do outro.
Quando a trama novelesca se descortinou na minha frente, eu, vascaíno emotivo, fui obrigado a fingir uma rinite alérgica para disfarçar as lágrimas mal contidas. Mas os dois botafoguenses, para espanto geral, não se abraçaram como dois irmãos que se reencontram após uma vida. Em vez disso, encetaram uma discussão insossa sobre os lances do jogo, quase contrariados, como se encontrar um igual os fizesse menos gloriosos.
É muito curioso esse espírito dos botafoguenses. Certamente, teria impedido qualquer deles de antever o resultado de domingo, mesmo que este fosse previsível. E, repito, não era. Ao contrário, foi um placar tão imprevisível como é, agora, inexplicável, por mais que os burocratas das mesas-redondas insistam em buscar suas causas.
De um lado, falam de excesso de confiança e dos malefícios de elogios desmedidos; de outro, do efeito anabolizante das esfihas e dos kibes. Por mais que eu admita que a sunguinha enfiada do Loco Abreu possa ser responsável por não deixá-lo relaxar durante os 90 minutos da partida, isso tudo não passa de uma grande balela.
Não existem explicações possíveis. E mesmo aquelas que parecem exatas para a ocasião se mostrarão falsas no futuro, provando serem imprestáveis desde o início. É que o futebol não é nada além de uma metáfora da vida, onde os homens se preparam e lutam pelos seus objetivos, mas é o incognoscível o único dono do destino. Vez por outra, mesmo aqueles sujeitos infalíveis que tem parte com o divino, como o zagueiro Dedé, simplesmente, erram.
Mais do que qualquer outra coisa, é preciso na vida das graças voluntariosas da sorte. No domingo, ela jogou contra mim. Em dez dias, farei uma prova importante. Melhor não reclamar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Segunda-feira é foda!

Primeiramente gostaria de fazer uma menção honrosa, ao Flamengo é claro, líder do Campeonato Brasileiro, melhor ataque do campeonato, tendo Ronaldinho Gaúcho como artilheiro. Termino por aqui minha menção já que há pouquíssimas palavras existentes em todas as línguas e dialetos que sejam suficientes para descrever o excelente futebol jogado pelo Flamengo esse ano.

Bom, acho que o texto vai ficar só no primeiramente mesmo, hoje é segunda-feira, hoje recomeçam as aulas da faculdade, e como não escrevi nada antecipadamente hoje nada além do Flamengo me inspira a escrever, quinta-feira deve ter algo maneiro por aqui, eu espero.

Só para registrar, sábado os componentes do blog estiveram reunidos na Lapa bebendo aquela cerva, comendo petisco e conversando sobre temas tão diversos quanto os tratados aqui no blog, por isso o nome do blog é madruganalapa, diga-se de passagem.




terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vale a pena viver?

Em 1588, Jean Bodin, intelectual francês, concluiu seu tratado intitulado Colóquio dos sete sobre os segredos do sublime. A obra conta o diálogo fictício entre um católico, um luterano, um judeu, um adepto da religião natural, um convertido ao islamismo, um calvinista e um cético. Ambientada em Veneza, a discussão que nunca ocorreu seria um marco na questão que diz respeito à tolerância. Como o leitor mais atento deve ter notado, não é por coincidência que a obra é criada em meio às guerras religiosas.

Para sustentar a tese da tolerância, Bodin defende que todas essas religiões possuem um fundamento em comum que “consiste na adoração do Deus Eterno”. Como o leitor já percebeu, conscientemente ou não, as questões levantadas por Bodin, assim como a maioria na Europa no XVI, passam pela concepção prévia da existência de Deus.

Tempos mais simples, não é?

De dois ou três anos para cá, uma questão vem me incomodando um pouco. Em essência, adianto, ela não é religiosa. Como questionei no título dessa publicação, amigo leitor, eu te pergunto: vale a pena viver?

Calma, calma. Ainda não precisa cortar os pulsos, camaradas fãs de fresno. Deixe-me explicar antes o que quero dizer.

Alguns estudiosos entendem que essa é a questão fundamental da filosofia, uma vez que, caso a resposta seja não, de nada adianta problematizar outras questões. Por um acaso, os que a definem como fundamental são justamente os cientistas que trabalham com essa temática.

Peço desculpas, amigo leitor, primeiro porque talvez esse seja um tópico por demais sério para nossa mesa de bar; segundo, porque não podemos tratar do assunto em tão poucas linhas sem fazer com que pareça um tanto infantil. Farei um esforço para suavizar isso, mas nada garanto.

“Com essa roubalheira toda na política você quer falar sobre isso?”, “Com todos os homossexuais sofrendo preconceitos”, “a questão da desigualdade social”, “as crianças com fome na África”. Amigo leitor, de que todas essas questões importam se, no fim, não lhe restar nada? Há um único tesouro na existência, que faz com que nos movamos para frente e para trás. A única coisa que permite ao homem ou ao animal (sou crítico nessa parte) se mover e fazer o que tem que ser feito. E isso é a consciência. Se, no fim das contas, você, a criancinha faminta da África ou Carlos Slim perderem essa peça fundamental na morte, do que lhe vale o que passou na vida? Qual é a grande diferença na maneira com que você viveu?

A questão aqui vai além da forma moral que você leva sua vida dentro dos conceitos de bem e do mal. A moralidade é ínfima nesse ponto. Diferente de Bodin, o que me causa a reflexão não perpassa a salvação do homem, mas a continuidade da existência, da consciência. E, sobre isso, é indiferente o religio. Se há reencarnação kardecista ou budista, se vou para o céu cristão, se acabarei no reino de Osíris... nada disso realmente importa. O amigo judeu/cristão quer pensar em algo pior que queimar eternamente no rio de fogo? É simples: Não queimar. Não sentir dor. Não pensar, no sentido mais sombrio da coisa. Não existir.

E daí muitos ateus anarquistas revolts punks da mtv vão dizer “é! Por isso tem que viver a vida! Deus não existe, Carpe Diem!”. Malandro, pára, e pensa. Se daqui nada te sobra, não importa se você vai aproveitar ou não a sua vida. Não importa sua revolta ou a desigualdade social. Muito menos se você acredita ou não em Deus. Se sua consciência não se prolonga de alguma maneira, desafio a quem quiser me explicar, do que adianta fazer do mundo um lugar melhor? Para que deixar um filho? Qual é, verdadeiramente, a diferença de morrer aos 12, aos 22 ou aos 115?

Não me levem a mal. É bom sim estar com amigos e amigas, é ótimo tomar uma cerveja bem gelada, é gostoso transar com a namorada e também é gostoso transar com a namorada dos outros. Tudo isso é muito bom, mas só é bom, só aproveitamos e queremos repetir porque somos capazes de experimentar e lembrar dessas sensações.
“É! Por isso que eu acredito em Deus”.

Creio que, daqui, vem a crença da maioria das pessoas em Deus, ou em espíritos, orixás e etc. Ninguém quer realmente pensar no assunto, porque todo mundo sabe que a reflexão não vai trazer pensamentos alegres. E eu não to falando isso por você ser cristão/judeu/candomblé. Eu realmente não ligo se você acredita que Jesus voltou dos mortos, que curou um cego, que multiplicou o pão ou que transformou a água em vinho. Se você quer acreditar que ele foi o primeiro e mais versátil x-men, não tem problema. O mesmo vale para os budistas e Cia.

Aliás, aproveito também para deixar claro que igualmente não ligo se você é ateu. Do século XIX para cá, o ateísmo tem virado moda e, o pior, é que cada vez mais conquista adeptos incapazes de pensar. Daí temos um monte de fanáticos ateus, falando de um monte de fanáticos religiosos. Canso de ver gente exclamando, “tirando onda”, que não acredita em Deus. Que quando morremos, viramos comida de minhoca e ponto. É fácil falar isso. É tão fácil quanto falar que Deus existe. Mas por que você, camarada ateu da MTV, não pensa um pouco sobre o que isso realmente significa?

O ponto é que Bodin defendeu a existência de uma universalidade das religiões, tendo em vista o ponto em comum de ‘’todas’’ que consiste na adoração do Deus eterno. Será que hoje, cinco séculos depois, ele ainda pode refletir sobre isso? Ou tudo que sobrou da consciência de Jean Bodin fora a influência no mundo?

Eu, sinceramente, não faço idéia. Mas nada custa pensar no assunto.

Como disse, é algo por demais complexo para se tratar em “poucas” linhas, mas fica aí a questão para quem quiser refletir.

P.S.1: isso não é uma carta-suicídio.
P.S.2: Realmente não quero criticar ninguém. Não acho que alguém religioso ou não religioso seja necessariamente ignorante.
P.S.3: Não seja burro! Isso não significa que você não deva se preocupar com os problemas sociais do mundo.
P.S.4: Agradeço aos dois, dos nossos seis leitores mensais que devem ter chegado ao final desse texto.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Na História

Vejam só amigos como o universo conspira a meu favor, há duas semanas venho matutando sobre o que tratar neste humilde espaço. Não posso negar que nesse meio tempo ocorreram pelo mundo alguns fatos interessantes nos mais variados campos, no entanto, nada que despertasse minha vontade de escrever. Isso até ontem! Quem diria que o dia 27 de julho entraria para a historia, e que eu teria a oportunidade de discorrer sobre tão extraordinário acontecimento?! É obvio que me refiro ao Choque de Monstros.

Não pretendo descrever como foi a partida, palavras só iriam diminuir o espetáculo. Independente do time que você torce, se o amigo não assistiu a esse jogo realmente lamento por você. Simplesmente irei expor uma ou duas impressões que tive da histórica peleja.

Flamengo e Santos, dois clubes que tiveram os maiores times de futebol da historia do esporte no Brasil, se enfrentaram ontem. De um lado Ronaldinho e Thiago Neves, do outro Neymar e Ganso, e em ambos os lados coadjuvantes que seriam protagonistas em todos os demais times do país. Por esse motivo, justificavelmente, já era esperado um grande jogo, mas o que aconteceu ontem superou qualquer expectativa, o que se viu não foi uma simples partida de futebol, foi uma obra de arte, uma ode ao futebol.

Meus amigos, devo admitir que esse time do Santos é uma verdadeira seleção, Arouca, Ibson, Ganso, Neymar e Borges, bastava vesti-los com a camisa canarinho e o Brasil teria ganhado a Copa America. O que joga o Neymar é coisa de outro mundo, o moleque é imparável (somente Williams realizou essa proeza algumas vezes), é covardia escalá-lo contra américas e atléticos da vida.

No entanto, apesar da inegável qualidade do escrete alvinegro há uma variável que, quando ignorada pelo adversário, sempre se mostra fatal: a magia do manto Rubro-Negro. Por si só o manto já é capaz de feitos inacreditáveis, quase divinos, mas quando aliada a jogadores de reconhecida capacidade técnica, parafraseando Nelson Rodrigues, se torna uma bastilha inexpugnável.

Em um campeonato recheado de times medianos e jogadores de segunda categoria o torcedor brasileiro acostumou-se a ver jogos burocráticos, e para muitos a atual seleção da CBF terminou de matar o futebol arte. No entanto, não temais camaradas, no urubu rubro-negro sempre poderemos confiar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Só os medíocres são felizes

Não gosto de contar minha vida na internet. Na verdade, execro a ideia de blog como um diário virtual. Tenho o bom senso de saber que minha vida interessa aos outros tanto quanto a dos outros me interessa: em nada. Além disso, deixar qualquer coisa registrada na traiçoeira internet, se não impede, certamente dificulta o livre exercício do meu sagrado direito de mentir o tempo todo.
Às vezes, porém, são inevitáveis certas confidências. É preciso explicar como descobri uma verdade universal a partir da comezinha vida cotidiana. E não dá para evitar a questão. Como aconteceu com a volta do Juninho na última postagem, tratar de qualquer outra coisa hoje – dia que cabe a mim no cronograma do blog – seria, no mínimo, falta de sinceridade.
Passo aos fatos: estou no último ano da faculdade de Direito, período em que os alunos se dão conta de que após a formatura - agora tão próxima - só poderão exercer a profissão que escolheram se forem aprovados na temível prova aplicada pela Ordem dos Advogados do Brasil. Caso contrário, serão donos do mais inútil diploma universitário dentre todos os cursos superiores.
O exame, atualmente, funciona da seguinte forma: na primeira fase, há uma prova de 80 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas em cada, das mais variadas matérias do Direito. Apenas aqueles que acertarem ao menos 40 questões, a metade, podem fazer a segunda fase. Esta outra tem cinco questões discursivas de uma única área a ser escolhida pelo aspirante à advogado. Aquele que obtém mais de 60% de aproveitamento na segunda prova estará inscrito nos quadros da Ordem, será tratado por Doutor, poderá usar a carteira de identidade vermelha e todo o arreamento dos causídicos de que há tanto tempo atrás já falava o Lima Barreto
É estranho exigir para a prática profissional a habilidade de fazer provas de múltipla escolha, não é coisa que tenha muito a ver com o trabalho do advogado e acaba por reduzir o espaço para a criatividade, dom tão caro para os ignorantes. De fato, a maior vítima da instituição do exame de Ordem é, muito provavelmente, o advogado bufão, símbolo máximo da profissão. Não é o charlatão e o mau-caráter, é apenas aquele pobre coitado que compensa sua absoluta falta de conhecimento jurídico pelo traquejo e a astúcia. Encurralado pelo palavrório do almofadinha do lado contrário, o advogado bufão manda às favas as fórmulas legais que nunca conseguiu aprender, apela a um sentimento maior de justiça e, no meio da sala de audiência, sinceramente, chora.
Essa espécie de advogado é uma figura que muito me fascina, apesar da minha confessada e absoluta falta de talento para alcançar, um dia, tal patamar. É esse o advogado que aproxima a Justiça da gente comum, de onde nunca deveria ter sido tirada. Mas é também uma espécie em extinção, que provavelmente não passará na esdrúxula avaliação, sempre a privilegiar os burocratas.
Mas não quero usar este espaço para falar de advogados, tampouco para reclamar contra a realização do exame. No fim das contas, deve mesmo haver alguma lógica na exigência de conhecimentos mínimos, ainda que de duvidosa utilidade, dos futuros advogados. Aquele a quem o cidadão confia a defesa de seu direito pode muito bem ser um desqualificado que, por obra de professores alucinados, tenha sido aprovado com louvor por diversas vezes durante a faculdade, sem nunca ter comparecido às aulas. Infelizmente, tal tipo de coisas ocorre com certa frequência. Para quem duvida, tenho diversas notas 10,0 em meu boletim capazes de provar o que digo.
O que me interessa tratar aqui é do meu desempenho na primeira fase do último Exame de Ordem, ocorrida há alguns dias atrás. Não saí da prova com o caderno de questões pois para isso era preciso esperar o final das cinco horas de exame, o que a minha malandragem me impediu de fazer. Quando consultei o gabarito da prova, descobri o óbvio: já não mais me lembrava do que havia respondido. Tive, contudo, a certeza de ter acertado 34 questões e errado outras 30. Restavam 16 delas, respondidas não com base no enunciado e nas alternativas, que me soavam como grego, mas em uma intrincada matemática que eu poderia jurar fazer algum sentido na hora da prova.
Existindo quatro alternativas por questão, a média do chute - e eu não poderia esperar nada melhor do que isso - seria acertar apenas 4 entre aquelas 16. A probabilidade de conseguir as 6 que eu precisava para a parcial aprovação era de uma em um milhão, e não me corrijam se eu estiver errado.
Enviei minhas preces a quem houvesse de escutá-las, e, nada mais podendo fazer, abri a cerveja e liguei no futebol.
Hoje saiu o resultado da prova. Dentre as dezesseis fatídicas questões, eu não acertei as seis que precisava, mas sete. Milagrosamente, acertei sete questões e fui aprovado. Antes de terminar essa gelada, desligar o futebol e passar a estudar para não depender da sorte na segunda fase que eu não esperava fazer, venho aqui compartilhar essa história com os meus queridos amigos, com os queridos amigos dos amigos e com os queridos desconhecidos da internet.
Não venho pedir os parabéns nem tampouco contar vantagens. Não poderia fazê-lo. Certamente, muitos outros se preparam por meses, quiçá por anos, em noites de leitura e tardes em cursinhos. Estes tem na sua aprovação a consequência necessária do próprio esforço. Não sou um deles. Não tenho o orgulho dos preparados, mas a paz de espírito dos iluminados. Mais do que pela aprovação em si, minha satisfação está em receber a graça dessa misteriosa força universal. Uns chamam-na de destino, outros de benção, outros ainda, de Deus. Eu a chamo de sorte dos vadios.
Mas o nome é o que menos importa, o fundamental é que essa força existe, ora distribuindo dádivas, ora penas. Aqueles que estão sempre preparados só conhecem as intermitências do Mar Grande na derrota, e o amaldiçoam. Só os medíocres podem sinceramente crer e adorar essa voluntariosa força do desconhecido. E deles será o Reino dos Céus.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

De um livro

- Vá até aquela parede e fique com as costas encostadas nela.
- Pra quê, pai?
- Você já vai ver, é uma brincadeira muito legal.
- É sim meu filho, pode ir.
- Tá bem mãe.
- Pá!

Seu pai era um cara legal, apesar de tudo, talvez fosse mesmo uma boa idéia procurá-lo nesse momento de aflição, morava agora em um lado afastado da cidade, não afastado como uma casa de veraneio, era mais parecido com aqueles lugares para onde vão os bandidos nos dias de instalação de uma UPP, não, ele não morava em uma cadeia nem em um cemitério, também não morava em Nova Iorque, é que os bandidos aos quais me refiro não são aqueles que sobem o morro no dia de instalação de UPP nem àqueles que mandam os outros subirem o morro.

Na verdade ele não sabia exatamente onde seu pai morava, nunca tinha ido lá e já fazia algum tempo que não falava com ele, o velho era excluído digital e se recusava a falar por telefone também, esse procedimento deve ser inspirado em algum filme sobre a máfia italiana, mas isso são apenas desculpas, nem que ele fosse o rei da conectividade seu filho o procuraria, não até aquele momento pelo menos.

Estava lá, recluso em seu lar, fazia tempo não encontrava motivo para sair de casa, e ele precisaria mesmo de um motivo muito bom para tal, diante das inúmeras razões que tinha para permanecer em sua rotina de apreciação das noticias mais violentas possíveis via mídia televisa ou impressa, aquilo lhe dava certo prazer, aparentemente o século XXI não era capaz ainda de ser pano de fundo de histórias como as suas, os jovens das noticias “atuais” acreditam mesmo que a juventude é a melhor coisa que terão na vida, e ele já tinha tentado passar a sua experiência para frente de várias maneiras, não obteve sucesso nessa missão. Outra atividade prazerosa de sua rotina era cuidar de seus cães, tinhas 3 filas-brasileiros, capazes de devorar um boi inteiro e cagar como toda uma manada, então a atividade limpar fezes de cachorros preenchia boa parte de seu tempo, o resto do passava bebendo, comendo e dando prazer a uma certa moça.

Só podia ser louca aquela menina, 23 anos e ao que parece sua vida consistia em ser balconista na zona sul de segunda a sábado das sete as dezessete, para ganhar mal ainda, a julgar pelas roupas e perfumes pobres que usava, alguns rapazes ganhavam quatro vezes o que ela ganhava para ir a faculdade de segunda a sexta, meio período, o tempo que os sobra passam apurando a forma física ou na praia ou na praia apurando a forma física, e o que eles ganhavam não tinha desconto e nem imposto, a Juliana dizia que tudo tem razão de ser. Bom, o resto do tempo passava com ele, 60 anos, humor negro e não gostava de sair de casa, mas a loucura dela até que lhe alimentava, naqueles tempos era o suficiente para lhe prender a atenção.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Tristes coloridos

Uma pergunta para você caro leitor, é a cultura que influencia a música ou é a música que tem influência sobre a cultura? A questão é difícil, portanto não precisa se apressar para encontrar uma resposta. Tomemos alguns exemplos para efeito de estudo a fim de facilitar. Os Beatles usavam drogas por que a juventude usava ou a juventude usava por que os Beatles compunham sob efeito? Continua difícil, não? Busquemos então outro exemplo, agora a nível nacional. Foram as canções de protesto do Chico que insurgiram a multidão contra a ditadura ou foi a multidão que insurgiu as canções do Chico? Após alguns momentos de reflexão talvez você esteja pensando da mesma forma que eu, as duas coisas ocorrem. Bom, se não for o seu caso, irei ignorar a sua linha de pensamento nessa análise.

De qualquer forma, fica evidente a importância da música dentro da cultura. Certa vez, comentando sobre a Bossa Nova, Tom Zé fez uma colocação que ajuda a entender a dimensão da coisa. Dizia ele que o ritmo de João Gilberto era um marco dentro da história do Brasil. Pela primeira vez um país que exportava bananas passou a exportar arte, o grau mais alto da capacidade humana segundo ele. Ainda pode parecer pouca coisa para alguns que se ouça Vinícius e Tom no salão de entrada do aeroporto internacional de Nova York mas não é. Falando deles, tomemos os EUA como exemplo. Quem são os maiores exportadores de arte, logo de cultura, no mundo globalizado? Consequentemente, ou não, são eles a maior potência econômica do mundo. Como já foi dito globalização não existe, o que ocorre é um processo de americanização. Basta ligar a sua televisão para confirmar o que lhe digo camarada.

Agora com o amigo leitor mais engajado no assunto, mais consciente sobre a importância da música, partiremos para outra problematização, dessa vez a mais importante. Quando foi que a música se tornou isso que ouvimos hoje nas rádios? Tenho para mim que música é vida. Ouvi Bob Marley a aproximando à religião dentro da cultura rastafari. Na África os tambores são instrumentos sagrados, soam como o som do coração da mãe batendo para o feto ou o som do vento para o nascido. A música é forma de contato entre o homem e o seu Deus. Não há argumento maior que esse.

Música é vida, repito. Nela há espaço para tudo: tristeza, alegria, raiva, saudade, amor... Todos tem um motivo diferente para ouvir e cantar. A música sempre existiu como forma do homem se expressar, cantar ou tocar sobre aquilo que ele julgava capaz. Os Stones cantavam a alegria de ser jovem em uma época de mudanças e os Racionais sobre o que a televisão ainda não transmite. O problema é que de uns tempos pra cá a música - ou melhor, quem participa do processo de divulgação e criação - passou a ceder espaço aos que não tocavam sobre isso. A música sempre esteve mais voltada para a conquista, para a capacidade de conquistar algo, seja o amor de alguém ou alguma causa mais distante. O diferencial dessa geração colorida de hoje é que eles cantam sobre a impotência, a incapacidade.

Em algum momento da história humana fizemos a transição dos Beatles para o Simple Plan. Isso não se pode creditar unicamente as grandes gravadoras e a mídia em geral, como observamos nos primeiros parágrafos desse texto. E o mais triste é constatar que se trata de um tendência mundial, não só no âmbito da música mas nas pessoas. Nesses tempos melancólicos em que vivemos felizmente a música verdadeira ainda persiste, apesar de ser cada vez mais raros os casos aonde ela acontece.






quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não primemos cânico, meus movimentos são friamente calculados

Preocupado com o entreterimento de nosso expressivo número de leitores mensais (creio que já chegamos perto dos 6), decidi escrever um texto rápido, falando um pouco sobre minha humilde pessoa, colaborador desse blog.

Matutei sobre o que exatamente deveria falar e, dentre todas as minhas excepcionais características, decidi falar um pouco sobre minha capacidade calculística. Aliás, já perceberam que em todas as histórias, desenhos ou quadrinhos que se prestem há sempre aquele indivíduo que toma suas atitudes de forma friamente calculada? Em yuyuhakusho (sou um saudosista), tinhamos Kurama. No universo DC, temos o homem morcego. Na história contemporânea, Napoleão Boanaparte.

Quando criança, era bacana imaginar como era parecido com esses personagens, em como isso me fazia diferente das pessoas, em como ser calculista, em como planejar as coisas, podia ser útil. O problema foi quando dei o próximo passo (e não sei quando exatamente foi).

Hoje tendo a calcular toda a minha ação do dia, e provável reação que ela vai causar, e minha ação subseqüente. E isso é para praticamente qualquer ação, desde minha relação com as pessoas, até a apresentação de um trabalho ou mesmo o que escrevo por aqui.

Não estou exagerando.


Para se ter uma idéia do nível da coisa, há uns meses decidi ligar para uma amiga, a... bem... vamos chamá-la de Flávia. Acontece que eu e Flávia ficamos durante uma viagem e achei que seria bacana ligar para ela e marcar um cinema. Isso foi por volta das 14 horas... Eis que me surgiu a dúvida: quando alguém atender, devo falar o simpático "Boa tarde, a Flávia está?" ou deveria tentar o mais distante "Por favor, a Flávia se encontra?"

O tempo foi passando e fiquei me perguntando a impressão que eu passaria para quem atendesse o telefone baseado nessas opções, provavelmente indiferente e, talvez, por isso, acabei tendo alguma dificuldade em decidir.

A coisa foi me irritando e a tarde passando. O Sol já havia se posto, e eu não conseguia decidir o que seria melhor, ''Boa tarde'', ou ''Por favor''. Sete horas se passaram, SETE HORAS, até que finalmente tomei uma escolha. Infelizmente, quando liguei, o irmão dela atendeu e me avisou que ela havia saído. Natural, afinal, já passavam das nove de uma sexta feita.

De uns tempos para cá venho tentado ser mais espontâneo, mas é realmente complicado tentar mudar quem você é. O amigo leitor certamente já tentou uma nova abordagem para a vida após perceber algo que não gostava na maneira que levava a sua, e muito provavelmente falhou. Caso não tenha falhado, só conseguiu essa mudança por meio de muito esforço.

O que me leva a um tema importante, que é a força de vontade. Mas se você é um lanterna verde, você provavelmente já sabe tudo o que tem que saber sobre a força de vontade, se, como eu, você não é o lanterna verde, você pode esperar alguns dias para falar sobre isso.

É isso meus quatro camaradas leitores do blog, espero que tenham podido conhecer um pouco melhor esse humilde colaborador. Não deixem de ler as impressões do amigo Murilo sobre o retorno de Juninho, como sempre, tratando-se do vasco, muito parcial, interessante e verdadeiro.

Ah, e só para constar, optei por "Boa noite, a Flávia está?"

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Boca no Trombone

Sempre achei a internet uma ferramenta fascinante, ela te dá liberdade para falar as bobagens que der na telha, e ainda sob um semi-anonimato. Não é necessário ter nenhum conhecimento ou embasamento sobre o tema que se quer abordar. Incrível! Simplesmente incrível! Hoje venho fazer uso desse megafone virtual para esbravejar, de forma totalmente leviana, minha opinião sobre mais um tema extremamente polêmico e de grande relevância para o desenvolvimento de nossa Republica Federativa.

Recentemente recebemos a noticia de que o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro instituiu o ENEM como único método de seleção de alunos, abolindo seu tradicional vestibular. Essa noticia desagradou a maioria dos vestibulandos com quem tenho contato, e virou até mesmo motivo de provocação entre amigos. Cheguei a ouvir um aluno da UERJ brincando com um colega da federal dizendo que esta perdeu toda sua credibilidade, e mais, o futuro bacharel ainda profetizou que tal medida tomada pela UFRJ não resultará em outra coisa senão na degradação da qualidade de seu ensino, comparando-a a uma escola municipal.

Qual será o motivo de tamanha indignação de nossos candidatos a universitários? A reclamação mais comum parece ser a concorrência. Por ser um exame nacional, qualquer estudante do país que preste o ENEM pode concorrer a uma vaga na UFRJ. Mas o que isso realmente significa? Sob meu ponto de vista há apenas uma interpretação, os estudantes mais esforçados do Brasil virão para cá. Como isso pode ser considerado ruim? Meus amigos, entendam de uma vez, faculdade não é fábrica de diploma, sua verdadeira vocação é a produção de pesquisas, alem do mais a concorrência é sempre benéfica. Esforçamos-nos mais quando somos pressionados, isso é natural do ser humano.

No entanto, algo me leva a crer que nossos jovens estão sendo influenciados em suas opiniões. O atual modelo de vestibular que estimula a decoreba e a entoação de musiquinhas no lugar de um verdadeiro aprendizado beneficia principalmente aos cursinhos preparatórios cujo único objetivo é o lucro. Não se enganem amigos, se você ganhou algum beneficio para “estudar” em algum curso pode estar certo que de alguma forma os donos estão lucrando.

O tema com certeza levanta muitas questões e opiniões divergentes, mas devo encerrar por aqui minhas conjecturas. Antes de terminar, porem, quero declarar que o Rio de Janeiro esta sendo pioneiro em uma mudança no método de seleção para faculdade, e não cobaia como alguns acreditam.

ps: as férias chegaram crianças, farei uma sugestão aos milhares de leitores deste blog: abaixo listei cinco títulos de livros curtos (média de 120 paginas), mas extremamente bons. Escolham ao menos um para ler, garanto que não se arrependerão. Bom divertimento.

A Revolução dos Bichos (George Orwell)

A Metamorfose (Franz Kafka)

O Velho e o Mar (Ernest Hemingway)

Vinte Mil Léguas Submarinas (Julio Verne)

Vidas Secas (Graciliano Ramos)