quinta-feira, 2 de junho de 2011

Esses timecos aí

No último sábado, Barcelona e Manchester United, sob os olhares atentos de bilhões espalhados pelo globo, enfrentaram-se no gramado de Wembley em busca da conquista da tradicional Champions League, o maior campeonato de clubes do mundo e onde tem lugar a expressão mais refinada da nobre arte do futebol.
Eu, com o indisfarçável interesse que nutro pelo futebol internacional, caguei para a partida. Não vi, não quero ver, tenho raiva de quem viu.
Mas o insistente berro das manchetes, que não me deixa dormir, já fez o favor que não pedi de me contar que deu Barça. E não é só. Dizem por aí que Messi é o melhor da história e que o Barcelona alcançou novo patamar na arte da bola e foi alçado ao incontroverso posto de melhor time do século, o que nos garantirá pela frente pelo menos 89 anos do mais absoluto tédio futebolístico.
Duvido muito. Não acredito nas capas dos jornais – nem no miolo também. Se não vi o jogo, é certo, por outro lado, que a velha e reconfortante lógica fria dos números prova que o Messi não alcançou, nem nunca alcançará, os mil de Pelé e Romário, e o Barcelona não tem retrospecto recente que possa rivalizar com o do Coritiba e suas 24 vitórias consecutivas. O mesmo Coritiba – diga-se – que ontem foi esmagado pelo Gigante da Colina.
Então, por quê Barcelona, e não Vasco, no ápice do futebol mundial de todos os tempos? Por quê Messi como o jogador incomparável de nossa época se ele nada faz melhor que Neymar, Ganso, Diego Souza e – dou o braço torcer – que o próprio Willians? Citei apenas esses para fugir do óbvio, todos hão de admitir que ninguém notaria Messi se fosse dado o devido valor ao melhor zagueiro que já pisou em um campo de futebol: Dedé, O Mito.
As respostas a essas indagações são complexas. Tento a certeza de que por debaixo do mistério escondem-se interesses multimilionários, intrigas políticas e conspirações extraterrestres. Mas nessa embrulhada toda, é certo que, pelo menos no caso brasileiro, há uma boa dose do fenômeno chamado, na linguagem dos especialistas, de “pagação de pau pra gringo”.
É só ver o exemplo do roqueiro aposentado e senil que esteve cá por estas bandas. Homens – nem tão homens assim, certamente – e mulheres dormiam dias em filas para vê-lo, juravam amor eterno e, de olhos marejados e braços dados, cantavam suas músicas em coro. Odioso, realmente odioso. Numerosos foram os relatos de calcinhas atiradas no placo no momento do show do Wando britânico e cult - ou seria cult por ser britânico? Eis a questão.
Não parando por aí, a vinda do gringo ao Brasil causou irremediáveis transtornos sociais que poucos tiveram a sinceridade de apontar, como, por exemplo, a terrível e inolvidável experiência que tiveram os meninos da zona sul de viajar dentro de um trem suburbano, ou a morte das senhoras gordas enfartadas quando ouviram o mero anúncio do plantão da Globo, sem saberem que a importante notícia era apenas a aparição do gringo na janela de seu quarto de hotel.
Para finalizar, quero fazer dessa cadeira de botequim virtual meu divã. Tenho uma confissão aos moldes de Lars von Trier a fazer: sempre que entra na moda um desses novos Jesus Cristo – da música, da bola ou do que for –, eu passo a simpatizar profundamente com Pôncio Pilatos.

2 comentários:

  1. kkkkk...cheio de ódio aí...diz o Rapaz q me disse há alguns uns anos que pretendia meter o pé do Brasil...

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  2. Texto bom. Só perdeu a mão nas vasco da gamisse... rs

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