segunda-feira, 6 de junho de 2011

Recordar é Viver...

2011 ficará marcado na história do futebol como um ano de despedidas. Ainda nos primeiros meses tivemos a aposentadoria de um dos grandes centroavantes do futebol nacional, um guerreiro que por diversas vezes teve o encerramento precoce de sua carreira decretado pelos médicos, porem, com muita força de vontade, conseguiu se recuperar e continuou dando alegrias aos seus torcedores com belos gols. No entanto em uma dessas armadilhas do destino uma doença o obrigou a abandonar os gramados. Trata-se dele: Washington Coração Valente.

Apesar da inquestionável importância que este artilheiro teve no mundo da bola, houve alguém maior que ele que recentemente também se aposentou, Dejan Petkovic. O ex-iugoslavo, agora sérvio, se despediu ontem do futebol com uma bela festa no estádio da prefeitura, e com certeza seu futebol deixará saudades em todos os brasileiros, mas especialmente nos cariocas.

Caro amigo, cara amiga, se você torce por algum dos grandes clubes dessa cidade maravilhosa pode se orgulhar, pois, assim como ocorreu com Romário, o melhor sérvio que já correu atrás de uma bola lhe deu muitas alegrias.

Como um verdadeiro emissário da paz, Pet superou as barreiras clubísticas, e teve seu nome gritado não apenas por uma, mas por sete torcidas no Brasil, no entanto foi no maior de todos os clubes que se tornou realmente ídolo.

Petkovic é mais um caso de um fato que ocorre com certa frequência no futebol, onde um jogador se torna ídolo mesmo não sendo nenhum exemplo de profissionalismo e camaradagem com os companheiros. Convenhamos, o Rambo sempre teve fama de ser estrelinha, marrento e desagregador, jogava mais para si do que para o grupo. Essa é a dura realidade, mas também é fato que se o cara joga bola de verdade, resolve dentro de campo, pode xingar treinador, faltar a treino, fugir da concentração, ou ate mesmo amarrar a noiva numa arvore, vai ser ídolo. Vide Renato Gaucho, Romário, Edmundo, Adriano, dentre tantos outros.

Há dez anos, com um comportamento extra campo que deixaria orgulhoso Heleno de Freitas, Petkovic conduziu o Rubro Negro a gloria contra aquele que é seu maior rival desde a origem do esporte bretão, quando o homem de cro-magnon e Zagalo ainda disputavam seus primeiros gol a gol. Naquela ocasião, aos 43 minutos do segundo tempo de uma final eletrizante, o Gringo, com um gol místico e cheio de simbolismo entrou para a história do Mengão, tento este que ate hoje causa calafrios e pesadelos nos padeiros e donos de botequins de todo o Rio.

Por um desses inexplicáveis caprichos do destino Pet se transferiu para o clube luso-carioca no ano seguinte, porem seu coração é Rubro Negro, e anos mais tarde voltaria ao Flamengo. E foi aos 36 anos, quando poucos ainda esperavam algo mais dele, em uma idade em que muito ex-peladeiro esta em sua mansão engordando como um suíno e brincando de empresário, que o Gringo alcançou a gloria máxima. Conduziu um esquadrão de craques, comparável as maiores seleções do mundo, ao titulo do campeonato mais disputado do globo o campeonato brasileiro de futebol. Com o místico numero 43 às costas, o rei do gol olímpico, ganhou a Bola de Prata, a gratidão e a idolatria de toda uma geração de torcedores.

O atleta está aposentado, não veremos mais o Gringo exibindo toda sua classe e técnica nos gramados, mas o herói, o ídolo, viverá para sempre na história do futebol mundial. Infelizmente não vi Zico, mas vi Pet.

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