quinta-feira, 23 de junho de 2011

“Podia ta roubando...”

Desde que o homem deixou de ser nômade e foi concebido o conceito de cidade surgiram criaturas que vivem das sobras da população geral. São diversas as espécies: pombos, ratos, cães e gatos vira-latas e o mais comum, os mendigos, são alguns exemplos. Não me interprete mal amigo leitor, não sou do tipo elitista ou preconceituoso, e não estou de forma alguma comparando nossos irmãos que moram nas ruas com as famigeradas pragas urbanas. Mas não podemos negar que a população de rua faz parte do cenário da cidade e mesmo assim é quase invisível aos olhos insensíveis do apressado homem moderno.

Vez ou outra, porem, nossos companheiros indigentes se fazem notar, isso ocorre quando somos interpelados pelos seus pedidos de esmola. Raros são os dias em que não se aproxima de mim pelo menos uma dessas pessoas implorando pela minha caridade. É nesses momentos que ocorre o maior dos dilemas, a luta entre a caridade e a desconfiança. Como saberemos com certeza qual o destino do suado dinheiro que doamos com a melhor das intenções?

Nossa sociedade corre grande perigo, um mal quase apocalíptico se espalha por todas as cidades do mundo, age como uma sombra que ataca todas as classes e suga tudo a sua volta, trata-se das drogas. Elas são democráticas, acessíveis para todos, até os mais miseráveis podem chegar a elas. Que garantia tenho que os dois reais que dou ao pedinte não se transformarão numa pedra de crack, queimando numa lata de cerveja?
Esse é um dos argumentos usados por aqueles que se negam a dar uma esmola para um cego. No entanto, existem também aqueles que rotulam os mendigos de vagabundo, que não gostam ou tem preguiça de trabalhar e preferem passar a vida como pedintes. De fato não creio nisso, será que realmente alguém prefere viver nas ruas, dormir sobre um papelão, e tomar banho em fontes e chafarizes a trabalhar? Convido o leitor a tirar suas próprias conclusões.

Se você esta lendo isso, assim como eu, dificilmente já sentiu na pele o frio de uma madrugada gélida, ou foi dormir sem comer sobre um chão duro. Ate o homem mais insensível sente-se abalado ao pensar por um minuto sobre as provações que passam essas pessoas. Quem consegue negar um salgado com guaraná a uma criança maltrapilha e visivelmente esfomeada?

A verdade é que cinco reais podem não fazer a menor diferença para a maioria de nós que moramos nos centros urbanos, mas pode renovar as esperanças de um miserável em um mundo um pouco mais feliz. Pense nisso na próxima vez que ignorar um pedido de esmola.

Um comentário:

  1. E se eu te falar q tenho percebido q a cada dia levo uma vida mais distante da realidade da maioria ?

    E q constatei isso qnd percebi que atualmente é mto dificil eu me deparar com mendigos ???

    De fato eles fazem tão parte da rotina da cidade quanto engarrafamento e filas.

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